Nos governos liderados pelo PT, avanços e mudanças foram feitas. Muitas e muito significativas. A mudança da política salarial foi a mais profunda. Lembro-me que nos anos 80 e 90, o hoje Senador Paulo Paim, eu e tantos outros deputados à época, tínhamos como objetivo salário mínimo equivalente a 100 dólares. No governo de Lula foi para mais de 300. E isso significou mais alimentos, mais eletrodomésticos, mais roupas e, principalmente, mais dignidade para o trabalhador brasileiro.
O Bolsa Família injetou dinheiro numa área da sociedade que era só miséria. O Luz para Todos iluminou muitos lares escuros de pobreza. Mais filhos de trabalhadores tiveram acesso aos estudos, com mais escolas técnicas e mais universidades. O Minha Casa Minha Vida proporcionou grandes lucros aos empresários, mas criou milhões de novos empregos, e tornou real para milhões de brasileiros o sonho da casa própria.
Os brasileiros mais pobres do começo do século XXI sabem o que mudou pra melhor. E para eles, mesmo se prenderem, matarem ou cassarem, Lula, com todos seus incontáveis pecados, será o maior presidente que o Brasil já teve.
Tudo isso foi feito na onda do crescimento econômico numa maré internacional muito favorável, onde se distribuía renda e cresciam os lucros das empresas e dos bancos. Quando o crescimento diminuiu e foi necessário reduzir um pouco a margem do lucro, todos que antes gabavam o PT, viraram-se contra. Os aliados pularam fora. Os amigos transformaram-se em delatores.
E apesar de tantos avanços a exclusão social permanecia e a violência em muitas áreas do Brasil cresceu e se tornou, junto com a desigualdade, num obstáculo ao desenvolvimento. A educação está muito longe dos novos patamares civilizatórios do mundo na era do conhecimento e da inovação. A saúde que tem um dos melhores sistemas do mundo – o SUS – ainda registra quadros de horror em muitas regiões, por falta de financiamento adequado.
Em meio ao retrocesso econômico verificado no governo Dilma, abre-se uma das caixas-pretas da corrupção, a das empreiteiras. A mais óbvia, a mais fácil, a mais “democrática” onde todos os grandes, médios e até alguns dos pequenos partidos se lambuzaram.
Permaneceram fechadas outras caixas-pretas, talvez até bem maiores, do setor financeiro, das telecomunicações, dos fármacos.
15 de maio de 2017
Domingos Leonelli
Presidente do Instituto Pensar
Ex-Deputado Federal