
Jacob Chansley, um autoproclamado “xamã” e adepto das teorias da conspiração do QAnon, se declarou culpado, nesta sexta-feira (3), pela invasão da Capitólio dos Estados Unidos, em um tribunal federal em Washington.
Chansley invadiu o Capitólio, em 6 de janeiro último, usando uma roupa de pele de urso com chifres e com o rosto pintado com as cores da bandeira estadunidense.
A confissão faz parte de um acordo com os promotores e foi aceita pelo juiz distrital Royce Lamberth. Chansley é uma figura bem conhecida do movimento QAnon.
No acordo judicial, os promotores concordaram com uma punição entre três e quatro anos de prisão. Tempo provável que outros invasores do Capitólio que se confessaram culpados devem cumprir.
Chansley também concordou em pagar US$ 2 mil (R$ 10,3 mil na atual cotação) em restituição pelos danos ao Capitólio. Ele também pode enfrentar uma multa de até US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão).
O tempo já cumprido na prisão será descontado quando a condenação sair. O que deve acontecer em 17 de novembro. Chansley foi preso em janeiro.
Além da invasão do Capitólio
O caso é cheio de reviravoltas. Chansley fez greve de fome em fevereiro como parte de uma tentativa bem-sucedida de colocar alimentos orgânicos na prisão.
Ele concedeu uma entrevista enquanto estava preso em março, que mais tarde foi repreendida pelo juiz de seu caso.
Seu advogado insultou pessoas com deficiência em maio, no que ele disse ser uma manobra para chamar a atenção para questões de saúde mental no sistema jurídico.
Durante a invasão ao Capitólio, Chansley caminhou até a plataforma do Senado estadunidense que foi desocupada às pressas pelo ex-vice-presidente Mike Pence — alguém que Chansley falsamente acusou ser um “traidor do tráfico de crianças”.
QAnon, Trump e conspirações
O caso de Chansley mostra como alguns apoiadores de Trump estão enfrentando as consequências no mundo real por acreditar em teorias de conspiração fantásticas.
Seu advogado agora diz que Chansley está “tentando se afastar e se distanciar do vórtice Q”.
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Saúde mental em questão
A saúde mental tem sido uma parte importante do caso criminal de Chansley. Ele foi submetido a uma avaliação psicológica ordenada pelo tribunal no início deste ano, e seu advogado argumentou que o governo estava piorando suas condições de saúde mental pré-existentes, mantendo-o atrás das grades antes do julgamento.
“Ele é um homem com vulnerabilidade à saúde mental que está, há oito meses, no que qualquer médico é a pior coisa que você pode ter feito se você tem um distúrbio de personalidade, que é colocado em confinamento solitário”, advogado de defesa Al Watkins disse durante a audiência de sexta-feira.
Chansley, porém, respondeu às questões processuais durante a audiência e falou brevemente sobre a avaliação da saúde mental. O juiz decidiu que Chansley era competente para se declarar culpado.
Com informações da CNN Brasil e AFP