
O general Eduardo Pazuello está de volta ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O ex-ministro da Saúde foi nomeado para cargo no Palácio do Planalto.
O Diário Oficial da União (DOU) publicou na terça-feira (1o) a nomeação de Pazuello como secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República.
A nomeação do militar como secretário palaciano foi entendida como um recado ao Exército de que Pazuello, ameaçado de punição pela Força por participar de um ato pró-Bolsonaro, tem o seu respaldo da Presidência.
O ato ocorre após a abertura de uma apuração, pelo Exército, da participação do ex-ministro da Saúde em ato político de apoio ao presidente Bolsonaro, o que é vedado por regulamento militar. O retorno de Pazuello ao governo foi uma decisão pessoal do presidente.
A volta de Pazuello ao governo ocorre dois meses e meio após sua demissão do cargo de ministro da Saúde. Na sequência, Pazuello, que é general da ativa, voltou ao Exército.
O novo cargo, contudo, não impede que o general seja penalizado, segundo fontes militares. Ao subir em um palanque durante manifestação bolsonarista no Rio, Pazuello estava lotado na Secretaria-Geral do Exército. Agora, a volta ao Executivo pode evitar futuras cobranças ao general por comparecer ao lado de Bolsonaro em atos políticos.
A portaria com a nomeação foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Pazuello ficará subordinado no novo cargo ao almirante Flávio Rocha, atual secretário de Assuntos Estratégicos do governo e deverá receber um salário de R$ 16.944,90.
Ex-ministro está ‘em alta’ com Bolsonaro
Na tarde de terça, após a nomeação ser publicada no Diário Oficial da União, Bolsonaro, em evento no Ministério da Saúde, fez afagos a Pazuello. O militar está em alta no governo, principalmente, após blindar o presidente em seu depoimento na CPI da Pandemia. O ex-ministro, no entanto, foi reconvocado para prestar novos esclarecimentos.
O comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, tem até a próxima segunda-feira para se manifestar sobre o comportamento de Pazuello, que é alvo de um procedimento administrativo. O prazo pode ser prorrogado por mais 30 dias, mas na Força a expectativa é que o caso seja encerrado o mais breve possível.
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Na semana passada, Pazuello apresentou sua justificativa por ter ido ao ato. O general, segundo interlocutores, teria alegado que a manifestação não era um evento político-partidário e que não há campanha no país. O mesmo argumento foi usado por Bolsonaro em sua live semanal, que já sinalizou que não quer ver o ex-ministro punido.
Se comprovada a transgressão, no entanto, Pazuello poderá ser punido com advertência, repreensão, detenção ou prisão disciplinar. De acordo com fontes militares, o general deverá receber uma sanção mais leve para evitar um tensionamento com o Palácio do Planalto.
Desde que assumiu o Ministério da Saúde no ano passado, existe uma pressão para que Pazuello passe para a reserva remunerada. Ele, no entanto, tem resistido. Apesar do mal-estar entre oficiais, somente o general pode pedir para deixar a ativa. Pazuello só passa para a reserva automaticamente em março de 2022, quando termina o tempo dele de permanência no posto de general.
Exército trata crise com Bolsonaro e Pazuello
O Alto Comando do Exército realiza nesta quarta-feira uma reunião virtual que vai discutir a crise causada pela participação do general da ativa e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, em 23 de maio.
Os generais de quatro estrelas que compõem o comando estão indignados com a nomeação do ex-ministro para um cargo no Palácio do Planalto, como Secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos (SAE).
Em reuniões internas do generalato realizadas ao longo desta terça-feira, vários oficiais interpretaram a nomeação de Pazuello como uma tentativa de “criar embaraços” para uma punição.
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O próprio presidente da República já deixou claro ao comandante do Exército, nos últimos dias, que não quer que Pazuello seja punido. Em sua defesa, o ex-ministro sustentou que o ato não era político.
A possibilidade de não haver punição, porém, não é considerada pelos generais do Alto Comando. A quebra de hierarquia representada pela atitude do ex-ministro da Saúde é uma das principais transgressões na força, e a punição, indispensável para para a manutenção da autoridade do comandante. “Ou o comandante pune Pazuello, ou ele perde a autoridade”, têm dito esses generais, nos últimos dias.
Com informações do jornal O Globo e G1