
Em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público, a viúva do ex-ministro do governo Bolsonaro, Gustavo Bebbiano, afirmou que destruiu o último celular do marido, um iPhone X. A informação foi divulgada no fim do sábado (26) pela coluna Painel, no jornal Folha de S.Paulo.
Renata Bebianno, que é advogada, foi ouvida na investigação sobre esquema de disparos de WhatsApp durante a campanha eleitoral de 2018. Veio dele o esforço para que o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se filiasse ao PSL, legenda com a qual o ex-capitão se elegeu.
Questionada se fez pesquisas no telefone do marido, que faleceu em março deste ano, vítima de um infarto, ela disse que não. As respostas não convenceram investigadores. Bebianno chegou a ser intimado antes de morrer, mas não deu tempo de ser ouvido. Na oitiva, Renata contou que seu marido vinha se queixando de fraqueza nos dias que antecederam a morte.
Os segredos de Bebbiano
Considerado um dos principais conselheiros do presidente, Gustavo Bebianno chegou a ser presidente interino do PSL. Na sigla, controlava o dinheiro dos fundos partidário e eleitoral. Foi também um dos primeiros ministros anunciados pelo novo governo para ocupar a Secretaria-Geral da Presidência e o pivô da primeira crise política do governo Bolsonaro.
Foi demitido do cargo um mês e 18 dias depois de assumir, após o jornal Folha de S.Paulo trazer à tona o escândalo das candidaturas laranjas lançadas pelo partido que presidia durante o pleito, escândalo que ficou conhecido como ‘Laranjal do PSL’. Bebianno também deixou o governo acusando o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho 02 do presidente, de tentar montar uma Agência Brasileira de Inteligência (Abin) paralela no governo do pai.
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Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em março, ao ser questionado se o delegado seria o atual diretor da Abin, Alexandre Ramagem, Bebianno preferiu não responder. “Eu lembro o nome do delegado. Mas não vou revelar por uma questão institucional e pessoal”, afirmou o ex-ministro em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Acusações contra Carlos Bolsonaro
Após a morte inesperada do ex-ministro, amigos divulgaram uma carta que ele escreveu a Bolsonaro quando deixou o cargo. Nela, o ex-secretário-geral da Presidência fez alertas a Bolsonaro, dirigidos principalmente a Carlos.
“Dediquei dois anos da minha vida para defender uma causa apelidada de Mito. E eu acreditei nesse Mito com todas as minhas forças, com todo o meu coração. Meu Capitão, o senhor precisa acordar e cair em si. O senhor está obsediado. Obsediado pelo próprio filho. Carlos ]Bolsonaro] precisa de ajuda e só o senhor tem esse poder”, escreveu Bebianno, à época.
“O senhor cultiva e alimenta teorias de conspiração, intrigas e ódio, e ensinou seus filhos a fazerem o mesmo”, diz outro trecho.
Em outro trecho, Bebianno chega a dizer ainda que Carlos Bolsonaro “vive em uma prisão mental e emocional” e sofre “intensamente em função do próprio ódio”, que seria cultivado contra tudo e todos, principalmente a pessoas por quem Bolsonaro demonstra afeto. “Ele é consumido pelo ódio 24 h por dia, independentemente do que esteja acontecendo no mundo real”.
Com informações da Folha de S.Paulo