
Demonstrando mais uma vez seu saudosismo aos tempos sombrios da ditadura, o general Eduardo Villas Bôas, no livro “General Villas Bôas, conversa com o comandante” , se refere a um oficial do Exército acusado de tortura como um dos “excelentes instrutores” da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx).
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Hoje coronel da reserva, o militar elogiado por Villas Bôas é Rubens Bizerril, apontado pela Comissão Nacional Verdade como um dos envolvidos na tortura e morte do estudante secundarista Ismael Silva de Jesus em 1972 no 10º Batalhão de Caçadores de Goiânia.
“Em suas dependências, na ditadura militar, foram praticadas graves violações de direitos humanos. Ismael Silva de Jesus, preso em 8 de agosto de 1972 e levado para o então 10º Batalhão de Caçadores (10º BC) de Goiás, morreu no dia seguinte, como consequência da tortura que sofrera”, descreveu a comissão, no relatório final de 2014.
Relatou ainda a comissão que Bizerril, na época major da 3ª Brigada de Infantaria, foi encarregado de conduzir um inquérito policial militar para apurar as atividades do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em Goiás.
Procurado pela reportagem da Folha de S. Paulo, Bizerril nega a acusação de tortura. “[Fui acusado] por causa da função que eu exercia. Só por isso”, disse Bizerril. “Eu nunca encostei a mão em ninguém.”
Na época ele sustentou a versão oficial de que Ismael cometera suicídio por vergonha de ter sido preso e disse que considera a tortura “covarde, abominável, abjeta e uma burrice”.
Com informações da Folha de S. Paulo