
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou, nesta quarta-feira (27), a criação do Comitê Técnico da Emergência Monkeypox (varíola dos macacos). Segundo a agência reguladora, atuação do grupo “permitirá ações coordenadas e céleres para salvaguardar a saúde pública”.
O comitê deve integrar as áreas de pesquisa clínica, registro, boas práticas de fabricação e farmacovigilância, além de terapias avançadas, para diálogo com profissionais da saúde e a comunidade científica.
“A equipe técnica atuará com orientações sobre protocolos de ensaios clínicos e discutindo com os desenvolvedores sobre ensaios clínicos de medicamentos destinados a tratar, prevenir ou diagnosticar a doença causadora da emergência de saúde pública”, explica o comunicado divulgado pela Anvisa.
Emergência sanitária
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou, no último sábado (23), a doença como uma emergência de saúde pública global. “Acreditamos que isso possa mobilizar o mundo a agir em conjunto. Precisamos de coordenação e solidariedade para que sejamos capazes de controlar a varíola dos macacos”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, na ocasião.
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A Anvisa informou que a criação do Comitê Técnico da Emergência Monkeypox será efetivada através da publicação de uma Portaria Conjunta de suas diretorias 2, 4 e 5.
Até terça-feira (26), segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil somava 813 casos de varíola dos macacos em pelo menos 13 estados e o Distrito Federal.
Sintomas e infecção
Em entrevista ao jornal CNN Brasil, a infectologista Luana Araújo explicou que os sintomas da doença são, em maioria, semelhantes aos de outras viroses.
“Febre, mal-estar, dor na barriga, dor na cabeça. E, depois de um tempo, ela começa a mostrar algumas lesões no corpo. Essas lesões começam como uma manchinha que, depois, nasce como se fosse uma bolha por cima dessa mancha. Isso aumenta de tamanho, até que isso estoura e forma uma crosta.”
Devido à elevada contaminação pelo vírus entre homens que fazem sexo com homens, a OMS recomendou que indivíduos que se encaixem nessa categoria reduzam a quantidade de parceiros sexuais.
“A melhor maneira de fazer isso é reduzir o risco de exposição. Isso significa fazer escolhas seguras para você e para os outros. Para homens que fazem sexo com homens, isso inclui, no momento, reduzir o número de parceiros sexuais, reconsiderar o sexo com novos parceiros e trocar detalhes de contato com novos parceiros para permitir o acompanhamento, se necessário”, disse o diretor-geral da organização.
Vacina?
A vacinação contra o vírus monkeypox já está acontecendo em alguns países do Hemisfério Norte, como Reino Unido e Espanha.
Por ora, não existe nenhuma previsão certeira de quando as primeiras doses devem chegar ao Brasil — o Ministério da Saúde diz que mantém conversas com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), entidade ligada à OMS, para adquirir o imunizante.
Existe uma expectativa de que o decreto de emergência de saúde pública de importância internacional, feito pela OMS em 23 de julho, possa agilizar as negociações ou os processos regulatórios e garantir a proteção a alguns grupos específicos.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o médico David Uip, secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento do Estado de São Paulo, estimou que o imunizante deve demorar até nove meses para chegar aos brasileiros.
O Instituto Butantan, também na capital paulista, criou um comitê para estudar a possibilidade de produzir vacinas contra o monkeypox em território nacional.
De acordo com a plataforma o portal Our World In Data, da Universidade de Oxford (Inglaterra), até o momento o mundo registra 18,8 mil casos de monkeypox em 78 países. Desses, 813 foram diagnosticados no Brasil.
Com informações da CNN e Folha de S. Paulo