
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ameaçado de demissão após o fracasso na articulação internacional durante a pandemia da Covid-19, se articula com grupos monarquistas com objetivo de desvirtuar a função do palácio do antigo Museu Nacional e transformá-lo em um espaço de valorização do período imperial.
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Segundo os jornalistas Ricardo Della Coletta e Paulo Saldaña, da Folha de S.Paulo, o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sob a liderança do chanceler, busca transformar o espaço incendiado em 2018 em um centro turístico dedicado à família imperial. O prédio funciona como museu desde o início da República.
Nas redes sociais, o líder da Oposição na Câmara, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), declarou que, após o incêndio em 2018, o “nosso Museu Nacional volta a correr risco, graças ao governo Bolsonaro”. O socialista reitera, também, que “vai ter luta e resistência em defesa da ciência!”.
Depois de ter sobrevivido ao terrível incêndio graças ao trabalho incansável de sua direção, pesquisadores e funcionários, o nosso Museu Nacional volta a correr risco, graças ao governo Bolsonaro. Um completo absurdo… Vai ter luta e resistência em defesa da ciência!
— Alessandro Molon ?? (@alessandromolon) March 27, 2021
“Parece um golpe”
Araújo teria realizado reuniões sobre o tema e acionado auxiliares para trabalhar com essa proposta, que pretende colocar o importante acervo do museu em um prédio anexo ao palácio.
Para conseguir avançar neste plano o grupo, que também conta com o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP) e representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afeitos à monarquia, pretende tirar o prédio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para a reitora da UFRJ, Denise Pires, o intento “parece um golpe”.
“Não acredito que o MEC vá tomar uma iniciativa de enfraquecer a érea de antropologia social, arqueologia, zoologia, botânica, sem que a universidade seja avisada. Há pós-graduações envolvidas de excelente nível, não é uma instituição estanque da academia, é importante para a universidade e também para o museu que ele permaneça aqui.”
Denise Pires, reitora da UFRJ
Com informações da Folha