por: Ana Paula Siqueira Postado em: 03/06/2022 - 18:33 Atualizado em: 03/06/2022 - 15:28
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem usado todo o aparato estatal que tem ao seu dispor para tentar alavancar a candidatura a deputado federal do próprio filho, Antonio Cristovão Neto, o Queiroguinha, na Paraíba.
Queiroguinha é filiado ao PL, de Jair Bolsonaro, e tem circulado ao lado do pai ministro em eventos oficiais do Ministério da Saúde. O próprio Queiroga pretendia disputar uma vaga na Câmara, mas depois de desistir, tem investido na carreira política do filho.
Matéria do jornal O Globo mostra que Queiroguinha, que é estudante de medicina e tem 23 anos, apareceu em ao menos cinco eventos de liberação de recursos para municípios da Paraíba nos últimos três meses onde, inclusive, sentou na mesa reservada às autoridades.
Porém, o que mais chamou a atenção foi um sexto evento, realizado em São Bento, a 387 quilômetros da capital João Pessoa, em que Queiroguinha apareceu como representante do ministro, no dia 25 de abril.
O evento seria para encontrar o ministro e assinar convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), com repasses de R$ 5 milhões aos municípios, de acordo com as autoridades.
O prefeito Jarques Lúcio (Cidadania) foi quem fez o anúncio da participação destacada do filho do ministro.
“Cristovão Queiroga representando o ministro da Saúde Marcelo Queiroga”, publicou em suas redes sociais.
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Discurso institucional, não político
Ao O Globo, o prefeito admitiu que Queiroguinha representou o pai e o ministério, mesmo sem ter cargo que o gabarite para isso.
“Recebemos aqui toda a equipe ambiental da Funasa a nível nacional e recebemos também a visita de Queiroguinha, que veio representando o pai dele e o Ministério da Saúde. Queiroguinha fez uma fala representativa em relação ao ministro Marcelo Queiroga, que vinha. Ele (o filho) acabou vindo na comitiva da Funasa, mas não fez discurso político. Foi um discurso institucional, em nome do pai”, disse.
Os laços entre o prefeito e a família do ministro são antigos, como ele mesmo contou. Disse que foi professor de Queiroguinha e que trabalhou com Queiroga pai em um hospital da Paraíba.
O filho do ministro, por sua vez, negou que tenha representado o pai. Disse que foi convidado pelo prefeito a visitar o município e que apenas acompanhou o evento.
Mais que isso. Afirmou ter o “direito” de fazer isso nos eventos públicos do pai.
“Estou buscando apoios, o que é natural, porque todo candidato tem direito de fazer isso. Na minha filosofia de trabalho, coisa errada não existe. Eu faço o que é certo”, alegou.
O Ministério da Saúde limitou-se a dizer que “respeita integralmente a lei eleitoral”. Nenhuma palavra sobre as aparições pública do filho.
