por redação Socialismo Criativo em 04/10/2018.
Se fosse estrangeira, Bolsonaro confiava?

Demonstração do uso da urna eletrônica para as eleições de 2006.
Uma cédula eleitoral visualizada por meio de um display e que tem seus votos registrados em uma memória de computador. Assim é o processo metodológico das eleições no Brasil desde 1996, quando as urnas eletrônicas começaram a ser usadas no país. De fato, elas foram 100% adotadas em 2000, substituindo, de vez, o voto em papel. A tecnologia é brasileira e foi desenvolvida por funcionários do próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tanto na parte de hardware quanto na de software.
Isso quer dizer que 147,3 milhões de pessoas – número dos eleitores aptos a votarem em 2018 – vão usar uma tecnologia brasileira em prol de um compromisso democrático que impacta na vida de mais de 200 milhões de cidadãos. Serão utilizadas, nas eleições de 2018, 600 mil urnas. É esse sistema testado e aprovado por vários países que foi colocado em dúvida pelo deputado Jair Bolsonaro para justificar uma não aceitação do resultado das eleições.
Os profissionais da área de inovação responsáveis por essa engenharia tecnológica pensam, estratégica e detalhadamente, em todas as necessidades que dizem respeito ao funcionamento e à funcionalidade da urna eletrônica. Há, inclusive, atualização periódica da rede de microcomputadores destinados ao processo eleitoral, para cada biênio de pleito, colocando essa área criativa a serviço do processo eleitoral.

As urnas eletrônicas passam por atualizações e auditorias para garantia de credilidade. Foto Lucas Nascimento ASCOM TRE TO.
Diante disso, técnicos trabalham com sistemas como o GEDAI-UE, um gerenciador de dados, aplicativos e interface, que tem como utilidade o fornecimento de suporte de software necessário à carga das urnas eletrônicas.Também está na pauta dos técnicos do TSE um programa responsável por preparar e instalar o sistema operacional, software e dados de eleição nas urnas, o SCUE.Já o ATUE foi criado para executar testes e validar o funcionamento das urnas. Depois de tudo pronto a serviço do pleito e de encerrados os horários de votação, vem a etapa final, de coleta de dados para apuração, para a qual foi desenvolvido o software batizado de VOTA.
Esses elos de tecnologia possibilitam que a aferição do pleito seja feita em tempo tão mais curto do que seria a contagem de milhões de votos em papel, permitindo que, poucas horas após encerramento das eleições, os resultados já estejam computados e possam ser divulgados. São tecnologias que fizeram a metodologia conhecida no mundo inteiro, popularizando-a como “urna eletrônica brasileira”.
Para 2018, o que já era referência agregou mais um item: a biometria, que identifica o eleitor por suas impressões digitais. Esse projeto otimiza o reconhecimento do votante, reduzindo, portanto, possibilidades de fraudes. A Justiça Eleitoral determinou a obrigatoriedade do cadastramento biométrico, neste ano, em 1.207 municípios brasileiros.
Apesar da praticidade ofertada, há sinalizações quanto à vulnerabilidade das urnas eletrônicas. O que, de ordem prática, tensiona a utilização da metodologia, que, até então, não oferta nenhum documento comprobatório que sirva ao eleitor de garantia de que seus votos foram registrados. Há possibilidade, do ponto de vista tecnológico, de serem utilizadas urnas com impressoras acopladas – já desenvolvidas inclusive –, entretanto esse é um assunto que vem sendo discutido no Legislativo.
De todo modo, a urna eletrônica, amplamente utilizada no Brasil, expandiu-se e, segundo o Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA Internacional), já foi utilizada em 32 países, como Austrália, Canadá, Estados Unidos (alguns estados), Índia e México, alguns em caráter experimental e, em outros, mantendo a metodologia e a adequando aos seus sistemas de eleição.