
A nuvem de dados das universidades que aderiram ao serviço ilimitado e gratuito do Google vai encolher. O armazenamento de arquivos de forma gratuita e infinita para instituições de ensino, o Workspace for Education (antigo Google Suite) será encerrado em 2022.
A medida da gigante de tecnologia afeta universidades mundo afora, inclusive no Brasil e foi recebida com o alerta para os desafios de como docentes e estudantes vão guardar dados. Sobretudo em tempos de pandemia da Covid-19, em que as novas tecnologias aplicadas ao ensino produzem muito material digital (textos, vídeos, imagens e áudios), e isso requer muito espaço.
Universidades brasileiras afetadas
A Universidade de São Paulo (USP) informa que, além de não ter sido notificada até 19 de abril sobre o encerramento do espaço ilimitado, a instituição possui 95 mil contas ativas no serviço entre docentes e alunos de graduação e pós-graduação.
Com o novo limite, cada conta teria, em média, aproximadamente 1,07 GB disponível para uso. Para fins de comparação, uma conta do Google gratuita comum possui 15 GB de limite de armazenamento.
Em 2016, a USP tinha calculado que cerca de R$ 6 milhões seriam economizados por ano com a parceria, já que os custos para manter serviços em nuvem são relativamente altos. Com o fim do sistema, a universidade terá que buscar alternativas para suprir essa necessidade.
“O mercado já dispõe de alternativas como a utilização de software livre e empresas que buscam parcerias com universidades, por exemplo.”
USP
Na UFF, mais de 100 mil usuários sem nuvem
Para a Universidade Federal Fluminense (UFF), o cenário é ainda pior, apesar da notificação do Google ter vindo antes, em 26 de fevereiro. Segundo Helcio Rocha, diretor da Superintendência de Tecnologia da Informação (STI), a UFF tinha, até o final do mês de abril, um total de 110.141 usuários com acesso a e-mails do Workspace for Education. Dividido entre os usuários da universidade, o espaço ficaria ainda menor.
“Com a limitação e o espaço reduzido, teremos que pensar em alternativas de armazenamento. Isso implica em contratação de serviços e/ou ampliação da capacidade em nosso Data Center Institucional.”
Helcio Rocha
Aproximadamente 900MB em média seriam disponibilizados para cada conta. Para instituições como a UFF, o armazenamento disponibilizado pelo Google no novo sistema é considerado muito abaixo do necessário.
Drive infinito começou há 5 anos
O acordo do Google de disponibilização do drive infinito começou há cerca de cinco anos. A partir desse acesso, professores e alunos que tinham um e-mail da instituição poderiam usufruir do benefício do armazenamento sem limites. Segundo o Google, esse era um incentivo à educação superior, como ferramenta importante para facilitar o aprendizado dos estudantes.
O serviço estaria sendo cancelado por utilização indevida, com armazenamento de filmes, séries e livros para além da atividade acadêmica. A nuvem ilimitada será substituída por uma nuvem com limite de 100 TB por instituição de ensino.
A nova política de armazenamento no Google Workspace for Education é global e que o Brasil não é uma exceção.
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Nuvem limitada chamará “pool’
A justificativa do Google é de que “o armazenamento não vinha sendo utilizado de forma otimizada, e os gestores de escolas nem sempre possuíam as ferramentas necessárias para administrar essa questão”.
O novo sistema de armazenamento na nuvem é chamado “pool” e, segundo o Google, oferecerá “um controle melhor sobre a experiência no Google Workspace for Education”. A decisão afetará 1% das instituições que usam o Workspace.
Com o novo sistema, os administradores poderão definir limites de armazenamento no nível da unidade organizacional e do usuário, controlar unidades compartilhadas, entre outros recursos.
“Vamos ajudar os administradores a se ajustar ao novo modelo e otimizar seu espaço, disponibilizando ferramentas que ajudem a identificar e gerir o uso e a alocação do armazenamento. Isso será feito com bastante antecedência em relação à entrada em vigor das novas regras. As instituições impactadas serão procuradas para discutir uma ampla gama de opções para garantir o espaço de que precisam”.
Com informações da Tecmundo