
Um dos principais partidos da frente ampla Brasil pela Esperança, o PSB se viu em um cenário “complicado” após o resultado do primeiro turno. Com 4 milhões de votos, a legenda socialista elegeu apenas 14 deputados federais, menos da metade dos 32 titulares eleitos em 2018. Somado a dissidência e fim de mandato de parlamentares, a bancada chegará ao fim do ano com 24 parlamentares.
A situação reflete o crescimento do bolsonarismo dentro do Congresso Nacional, que colocou nomes fortes do primeiro escalão do governo de Jair Bolsonaro (PL) dentro do parlamento.
Apesar do revés na primeira rodada das eleições, o PSB ganhou força no segundo turno: elegeu mais dois governadores — João Azevêdo (PB) e Renato Casagrande (ES) se somaram a Carlos Brandão (MA), eleito no 1º turno —, um forte nome no Senado Federal com Flávio Dino e se consagrou com a vitória de Lula (PT), que carrega o nome de Geraldo Alckmin como seu vice-presidente.
O quadro socialista irá “engrossar” ainda mais com a definição dos ocupantes da Esplanada dos Ministérios. Nomes como o de Flávio Dino, Márcio França e Paulo Câmara estão sendo ventilados para assumir, respectivamente, o Ministério da Justiça, de Cidades — que será desvinculado da pasta de Desenvolvimento Regional —, e a Controladoria-Geral da República (CGU).
Flávio Dino: um forte nome socialista
Eleito senador nas eleições, Flávio Dino (PSB) tem sido um forte expoente socialista no governo federal. O ex-governador do Maranhão, tido como nome certeiro para a pasta da Justiça, é um político influente e egresso da carreira de juiz federal, com trânsito junto a magistrados nas três instâncias do Judiciário, e ministros dos tribunais superiores.
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Com as competências de Dino, a expectativa é que ele resgate o protagonismo que a pasta perdeu nos últimos anos. As apostas são de que o socialista na Esplanada evocaria os tempos em que a pasta foi ocupada por quadros admirados, simultaneamente, pelo conhecimento jurídico, habilidade política e compromisso inabalável com a democracia, como Petrônio Portella, Paulo Brossard, Nelson Jobim, José Carlos Dias, José Gregori e Márcio Thomaz Bastos.
Carlos Siqueira vê cenário otimista em 2023
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, admitiu, em conversa com a coluna, que o encolhimento da bancada federal foi negativo, mas ele está otimista quanto ao cenário que se descortina para 2023. “Só 13 partidos fizeram a cláusula de desempenho e o PSB está entre eles”, observou.
“Precisamos crescer a partir daqui, e vamos crescer fazendo política, atraindo novos quadros, reestruturando o partido”, completou. Uma meta é conquistar parlamentares de partidos que não atingiram a cláusula de barreira. “O quadro político não pode continuar assim, e não continuará”, reforçou Siqueira.
O presidente socialista elogiou a decisão de Lula de indicar Geraldo Alckmin para coordenar a transição de governo. “Achei excelente a escolha porque é um símbolo do alargamento do espectro político, e pelo fato de ser uma pessoa experiente, ponderada, racional, capaz de conversar com todos os lados, e de criar pontes, que são necessárias para que possamos avançar para reunificar o país”.
Para Siqueira, a prioridade do futuro governo deve ser unir o país. Ele afirma ainda que o caminho para isso é consolidar-se como um governo de centro.
“Não pode ser um governo de esquerda”, salientou. “O que pode isolar o bolsonarismo é a amplitude do governo e de suas políticas, é um governo que tentará recuperar ou restaurar a plenitude democrática, e para isso, será necessário alargar o espectro político”. Siqueira ponderou que a sustentação do governo não poderá ser exclusivamente parlamentar, via Congresso. “É fundamental, mas não suficiente, tem que ter a sustentação popular”, declarou.
Siqueira alerta que Lula precisa ganhar uma parte dessa população que votou contra ele, mas que poderá enxergar nas ações do futuro governo politicas públicas que correspondam às suas aspirações. Dessa forma, acredita que esses brasileiros poderão mudar de lado. “É impossível governar um país dividido ao meio por quatro anos”, advertiu.