
Um mês após ser nomeado chefe do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), José Carlos Mendes de Morais, pediu exoneração do cargo na última sexta-feira (9). Subordinado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Prevfogo é responsável pela política de combate aos incêndios florestais em todo o território nacional.
Procurado, a assessoria do órgão confirmou que Morais pediu exoneração alegando motivos pessoais. A saída efetiva, porém, depende de publicação no Diário Oficial da União. A nomeação do servidor havia sido oficializada no último dia 11 de setembro, por meio de uma portaria assinada pelo presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim.
Em uma mensagem enviada aos colegas, Morais não deixou claro o que motivou a sua saída. Disse apenas que se tratava de “motivo de força maior”. Ele agradeceu o apoio dos colegas no que ele chamou de “difícil, mas importante missão de promover o combate aos incêndios florestais que tem assolado várias regiões do país”. Afirmou, ainda, estar certo de que continuarão “nessa luta de contribuir com a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável”.
Desmonte dos órgãos ambientais
O Ibama vive hoje a situação mais crítica de toda a sua história em relação ao número de fiscais que dispõe para realizar operações em campo. Principal órgão do governo federal na proteção da maior floresta tropical do mundo, o instituto possui atualmente 591 agentes ambientais para enfrentar o avanço do crime ambiental em todo o país.
Dados oficiais do órgão obtidos pelo jornal Estadão mostram que o quadro atual de agentes é 55% inferior ao que o instituto detinha dez anos atrás. Em 2010, eram 1.311 fiscais em atuação. Trata-se do pior cenário de fiscalização desde a fundação do Ibama, em 1989.
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Só em 2019, a redução do número de agentes foi de 24% sobre o ano anterior. Basicamente, são duas as causas desse esvaziamento: aposentadoria de servidores e falta de concursos públicos para renovação o quadro funcional. Em todas as suas áreas, o Ibama soma 2.800 funcionários, número que também remete ao momento mais crítico da instituição. Em 2007, por exemplo, chegou a ter 6.200 empregados.
Incêndios recordes
Neste ano, tanto a Amazônia quanto o Pantanal têm registrado aumento no número de queimadas. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de incêndio na Amazônia de janeiro a setembro deste ano é o maior desde 2010.
Naquele ano, foram 102.409 pontos de fogo na floresta de 1º de janeiro a 30 de setembro; em 2020, no mesmo período, foram 76.030
Além disso, de janeiro até quinta-feira (8), a Amazônia teve quase o mesmo número de focos que o registrado em todo o ano de 2019: 81.805 contra 89.176 vistos no ano passado.
Com informações do G1 e Estadão