
O presidente peruano, Pedro Castillo, vive seu pior momento após completar um ano de mandato. Desde que assumiu, a ultradireita tenta realizar manobras para desestabilizar e derrubar Castillo. Prova disso é que desde o final de maio, os trâmites das investigações do Ministério Público por suposta corrupção multiplicam os indícios de que o entorno do presidente — tanto funcionários quanto parentes — se aproveitou economicamente do Estado. O Gabinete de ministros se concentra em defendê-lo diante de cada nova revelação.
O ex-dirigente sindical tem sofrido constantes ataques do Congresso por parte dos seus opositores que são de extrema direita.
Castillo assumiu em 28 de julho do ano passado após vencer no segundo turno, com uma diferença de pouco mais de 44 mil votos, a conservadora Keiko Fujimori, investigada por lavagem de dinheiro e obstrução de justiça. Apesar de as eleições terem sido transparentes e de acordo com a lei, seus opositores denunciaram fraudes e gastaram mais de US$ 50 mil em uma investigação de supostas irregularidades no Congresso que não ocorreram e, portanto, não puderam ser comprovadas.
Os opositores da ultradireita lançou, entre novembro e março deste ano, duas moções para tentar destituir o presidente do cargo, através do mecanismo de “vacância por incapacidade moral permanente”, mas não obtiveram os 87 votos necessários para tirá-lo do poder. Além disso, questionaram e lançaram moções de censura contra vários ministros, às vezes sem argumentos, com o objetivo de gerar maior instabilidade no Executivo e continuar acumulando votos para aprovar a “vacância”. Nesse contexto, o ex-professor rural cedeu espaços em seu Gabinete para figuras de fora do partido que o levou ao poder, o Peru Livre, para tentar somar votos para defendê-lo no Parlamento.
A isso se somaram novas acusações. No sábado (20), depois de quase quatro meses foragido, Bruno Pacheco — ex-braço direito de Castillo quando assumiu o poder, quando era secretário-geral da Presidência — se entregou à promotora Marita Barreto e à polícia que investiga Castillo e seu entorno.
Em mais uma manobra da ultradireita para derrubar Castillo, no início de agosto, Ministério Público peruano realizou uma operação de busca no Palácio do Governo do Peru. A ação foi realizada por policiais que estavam atrás de Yenifer Paredes, cunhada do mandatário, acusada de participar de uma rede de corrupção e de lavagem de dinheiro.
Castillo afirmou se tratar de uma conspiração contra sua administração após tomar conhecimento sobre o mandado de prisão contra Paredes. Também disse que um setor do Congresso, o Ministério Público e parte da imprensa estão “desestabilizando a ordem democrática”.
Na mesma época, Subcomissão de Acusação Constitucional do Congresso do Peru entregou um relatório sugerindo cinco anos de inabilitação política para Castillo por “suposto crime de traição à pátria”, fazendo referência a declarações dadas pelo presidente sobre o acesso marítimo à Bolívia através do território peruano ao canal CNN em Espanhol em janeiro deste ano.