
O estado do Amazonas registrou uma queda de 66% no faturamento do turismo, em razão das medidas de isolamento social para frear a pandemia do coronavírus. De acordo com a Pesquisa-Raio X do Turismo Frente à Covid-19, realizada em abril pela Rede Observatório de Turismo da Universidade do Amazonas, o setor registrou ainda redução de 72% no faturamento das agências de turismo e 70% na área de hospedagens.
O estudo, feito em parceria com a Amazonastur para avaliar os efeitos da crise sanitária no turismo do estado, foi divulgado no domingo (27), Dia Mundial do Turismo.
Segundo a Agência Brasil, na pesquisa, o mês de março é demarcado como o início do comprometimento nas finanças de quem opera com o turismo. Nesse período, 54,6% sentiram a queda do faturamento, 60,6% tiveram o cancelamento de reservas, 50% tiveram que reembolsar clientes, 51,5% tiveram adiamento de serviços contratados e 53% tiveram serviços cancelados.
Contudo, segundo o relatório já em fevereiro o setor sentiu declínio 30,3% na receita.
Outras atividades ligadas ao setor do turismo, como o artesanato e a pesca esportiva, foram duramente afetados, acarretando em redução da renda de pequenos e médios empreendedores.
Prejuízos contabilizados
Segundo os dados da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), os prejuízos atingem várias áreas, como o baixo Rio Negro, que concentra algumas das principais pousadas da região.
No cálculo de Roberto Brito, proprietário de uma pousada, as perdas com reservas e pacotes cancelados, entre março e maio, quando não houve hóspedes, chegaram a quase R$ 64 mil. “Essa é a pior crise que eu já tive como empreendedor e como morador ribeirinho”, disse Brito.
De acordo com ele, na comparação com o mesmo período do ano passado, o faturamento foi de R$ 51 mil.
Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, as perdas das pousadas esportivas devem acumular R$ 2 milhões em cancelamentos neste ano. Grupos que vivem da venda de artesanatos de madeiras, fibras, sementes, pedras e cipós coletados na floresta no RDS do Rio Negro, deixaram de comercializar pelo menos R$ 8,5 mil entre março e maio.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o segmento do turismo acumula em todo o país uma queda de faturamento de mais de R$ 180 bilhões desde o início da crise sanitária, que resultou no fechamento de mais de 440 mil empregos formais.
Parcerias para enfrentar a crise
Além da distância comum entre as comunidades do Amazonas, grande parte delas se mantiveram ainda mais isoladas para diminuir o risco de contágio pelo vírus. Para ajudar essa população que vive da cadeia do turismo, a FAS criou a Aliança dos Povos Indígenas e Populações Tradicionais e Organizações Parceiras do Amazonas para o Enfrentamento do Coronavírus.
O grupo tem apoio de 69 parceiros, entre instituições públicas e privadas. Os recursos arrecadados pela articulação são utilizados para atender às particularidades de cada região do Amazonas durante a crise sanitária. O coordenador de empreendedorismo da FAS, Wildney Mourão, conta que a ideia é “atenuar os danos, oferecendo suporte para as comunidades ribeirinhas, indígenas e populações tradicionais”.
Com informações da Agência Brasil e da Agência Senado