
A trapalhada do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em torno do Auxílio Brasil, programa de cunho nitidamente eleitoral para substituir o Bolsa Família, resultou no fechamento em queda do principal índice de ações da bolsa de valores de São Paulo, a B3.
Não adiantou Bolsonaro afirmar ter “confiança absoluta” no ministro da Economia, Paulo Guedes, e que não fará “nenhuma aventura” na economia.
O Ibovespa recuou 1,34%, a 106.296 pontos – é a menor pontuação desde 20 de novembro de 2020 (106.042 pontos). Na mínima do dia, a bolsa chegou a marcar 102.853 pontos.
No acumulado da semana, a bolsa acumulou queda de 7,28, a maior desde início da pandemia no país, em março do ano passado, segundo a agência Reuters. Em outubro, já recuou 4,22%. No ano, o tombo é de 10,69%.
Guedes, no entanto, deixou claro que o programa, ao contrário do Bolsa Família, será temporário.
E, mesmo diante dos péssimos resultados econômicos, o ministro disse que o Brasil é “bem avaliado” no exterior.
Mercado reage ao furo do do teto proposto por Guedes
A proposta de furar o teto para bancar o programa social repercutiu negativamente no mercado, elevando os temores de piora do quadro fiscal e de descontrole dos gastos públicos para financiar medidas vistas como populistas.
“Já estamos falando de um quadro inflacionário bastante preocupante e o gestor tem que perceber que está fazendo alguma coisa errada. Se a inflação no Brasil começou a subir antes de todo mundo e sobe mais forte, com o dólar descolado dado o cenário internacional, o gestor de política econômica tem que desconfiar. Então, é obvio que necessitava um maior cuidado na questão macroeconômica. Não é sair fazendo e a inflação é problema do BC. Tem erros sistemáticos cometidos”, disse a economista Zeina Latif, em entrevista à GloboNews.
Bolsonaro ironiza mercado: ‘fica nervosinho’
Nesta quinta-feira (21), Bolsonaro ironizou a atuação do mercado. Ao comentar sobre a proposta de oferecer o pagamento de R$ 400 a cerca de 750 mil caminhoneiros para compensar a alta do preço dos combustíveis, Bolsonaro disse que o mercado fica “nervosinho” e afirmou que deverá ocorrer novo reajuste do preço dos combustíveis.
Carlos Alberto Litti, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), disse que os caminhoneiros não querem esmola e que o valor de R$ 400 anunciado por Bolsonaro não paga 100 litros de diesel.
A explosão da dívida pública e o risco de um descontrole da situação fiscal é apontado por analistas e investidores como um dos principais fatores de incerteza doméstica, podendo inclusive inviabilizar uma retomada sustentada da economia brasileira.
“Tirar o teto de gasto e precatórios com limitações podem ser entendidos como abertura de porteira para mais gastos ineficientes, tendo em vista as próximas eleições polarizadas de 2022. Vamos perder a âncora, sem colocar nada no lugar”, afirmou Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco Modalmais, de acordo com o g1.
Na visão do mercado, as manobras para furar do teto dos gastos colocam ainda mais pressão no dólar e para o Banco Central elevar a taxa básica de juros, atualmente em 6,25% ao ano. “Isso compromete a expansão do PIB em 2022. Para as classes de renda baixa, o efeito parece ser de dar com uma mão e tirar com a outra, considerando inflação ascendente e desemprego elevado”, acrescentou Bandeira.
Com informações do g1 e do Poder 360