
Neste ano, até o mês de setembro, 438,1 mil postos de emprego foram eliminados para trabalhadores que possuem a partir de 50 anos. Quando se consideram todas as faixas etárias, o saldo negativo é de 558,5 mil vagas. Enquanto as demais faixas etárias começam a ter a criação de empregos formais, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os mais velhos veem a aceleração de um número de demissões muito superior ao de contratação.
Com isso, em 2020, quase oito de cada dez vagas eliminadas eram ocupadas por trabalhadores com mais de 50 anos.
Mesmo em setembro, quando o saldo mensal ficou positivo em 313 mil vagas — melhor resultado para o mês desde 1992 —, os que estão nessa faixa etária perderam vagas.
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A falta do emprego formal não é trágica para esses trabalhadores somente pela falta da renda. Mesmo que tenham décadas de contribuição à Previdência, ainda não há aposentadoria pelo INSS.
Em 2020 entraram em vigor as novas regras para a concessão do benefÍcio, que incluem perÍodos de transição, mas que exigirão dos trabalhadores mais tempo na ativa antes da aposentadoria.
Idosos e as oportunidades de emprego
Quando se olha para aqueles com mais de 60 anos, a pesquisadora Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destaca que a renda dos idosos é importante na composição orçamentária de 62,5 milhões de domicílios no país.
A maior parte dessa renda vem de aposentadorias e pensões. Os rendimentos do trabalho, porém, não são desprezíveis, pois representam 34,8% do total de valores.
Dados
Entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano, levantamento feito pela pesquisadora com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD),do IBGE, mostra que 600 mil trabalhadores com mais de 60 anos perderam ocupação e continuam desempregados.
Outro 600 mil desistiram de tentar nova vaga.
“Em parte porque eles estão com medo de se expor e em parte pelo preconceito dos empregadores. Você fala em grupo de risco e isso gera um barreira. E ainda existem os outros preconceitos que já existiam”, diz.
E a desocupação acaba sendo mais do que um problema passageiro.
“A pandemia agrava ainda mais a situação, até porque essas pessoas estão ficando muito tempo fora do mercado de trabalho. Quanto mais tempo fora, mais difícil é voltar”, diz Ana Amélia.
Para Luciana Fontes, superintendente do Centro Brasileiro de Cursos (Cebrac) e dona de uma agência de empregos, a resistência das empresas a trabalhadores mais velhos estão ligadas às restrições sanitárias, mas também a uma falta de entendimento quanto às possibilidade de ter esse funcionário nos quadros.
No Cebrac, diz, mais trabalhadores na faixa dos 40 anos buscam cursos para que possam se reciclar ou se preparar para a necessidade de ter alternativas à ocupação atual. O curso de manutenção de celulares e computadores é procurado principalmente por homens acima de 55 anos.
Com informações da Folha de S. Paulo