
Com a eleição a sete meses, o engajamento de jovens de 16 e 17 anos é o mais baixo já registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até o fim de janeiro, 731 mil cidadãos dessa faixa etária, para a qual o voto é facultativo, tinham se cadastrado como eleitores. As inscrições seguem abertas até 4 de maio.
Atualmente, o número representa cerca de 10% dos eleitores menores de idade aptos a votar e pouco menos de 1/4 do total que votaram há três décadas
Na comparação com as eleições de 2020, o número caiu 26%. Naquele ano, de acordo com o Tribunal, 992.513 pessoas de 16 ou 17 anos puderam votar. Já em relação às últimas eleições gerais, de 2018, a queda é ainda maior, de 47%. Há quatro anos, 1.400.613 adolescentes estavam autorizados a ir às urnas. Na comparação com os dados mais antigos disponibilizados pelo TSE, de 1992, esse número caiu 77%.
Possíveis (des)motivações
De acordo com o Estadão, todo esse desânimo tem crescido mesmo com esforços do TSE. Desde 2020, a Corte vem promovendo ações para incentivar a participação de jovens na política. Nas últimas eleições municipais, o tribunal lançou uma campanha para que cidadãos de 15 a 25 anos gravassem vídeos com sugestões de como melhorar suas cidades. A ideia era aumentar o número de votantes menores de 18 anos que, na época, foi de 914 mil.
O voto facultativo para pessoas de 16 e 17 anos foi aprovado na Constituição de 1988, mas o TSE tem dados comparativos somente a partir de 1992, quando o total de eleitores nessa faixa etária alcançou 3,2 milhões.
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No ano passado, o tribunal lançou nova campanha, no rádio e na TV, de vídeos protagonizados por atores de aparência juvenil com mensagens de estímulo à participação nas eleições. Também explorou redes sociais e plataformas de áudio. O esforço do tribunal, contudo, não bastou para superar fatores estruturais que, segundo analistas, têm afastado os jovens das urnas.
Questões como envelhecimento de líderes partidários, desconfiança no sistema político e falta de perspectiva de emprego e renda são apontadas como causas do encolhimento do voto jovem. Em entrevista para o Estadão, o cientista político da USP José Álvaro Moisés afirma que a retórica de deslegitimação da política, usada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros candidatos em 2018, reforçou essa tendência.
“Jovens nessa idade estão na fase de serem atraídos para a política. Justamente no momento em que são convocados pelas instituições a participar, os discursos antipolítica os afastam”, declara.
Moisés citou, ainda, a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como fator limitante neste ano. “A polarização tira opções inovadoras e impõe a repetição daquilo que já ocorreu com o País. São dois personagens muito conhecidos e considerados velhos na política. Lula teve dois mandatos e apoiou dois da Dilma (Rousseff). Os resultados, sobretudo do ponto de vista econômico e do emprego, foram negativos. Ficou uma imagem ruim.”
PSB quer jovens na política
O PSB atua para inverter esse preocupante quadro. Em seu processo de Autorreforma, os socialistas defendem mecanismos de participação dos jovens na política.
A educação é o cerne dessa transformação defendida pelos socialistas com uma revolução criativa “que proporcione a transformação das mulheres e homens em pessoas libertárias, tolerantes e criativas, mais bem preparadas e com a aquisição de novos repertórios para se adaptarem à era do conhecimento e às transformações tecnológicas, com a valorização dos conteúdos de humanidades e de artes. ”
Para isso, um dos compromissos do PSB é estimular a participação política dos jovens, inclusive, para a formação de quadros e a relação do partido com organizações juvenis e estudantis.
Um exemplo é o concurso Pensar Jovem, promovido pela FJM, com o objetivo de estimular e promover o estudo da ciência política no país.
Além dos prêmios em dinheiro, nos valores de R$ 15 mil, R$ 12 mil e R$ 9 mil, eles participaram de tour político por Brasília, no último dia 11, e visitaram instituições públicas da capital da República, incluindo o Congresso Nacional. Todas as despesas foram custeadas pelo PSB Nacional.
As redações tiveram como as teses do quinto livro da autorreforma e incentivaram a juventude pessebista a pensar novas políticas públicas. Foram mais de 600 inscrições.