
Familiares e vizinhos das duas meninas mortas a tiros em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, se reuniram neste domingo (6) em protesto no centro da cidade, no qual reforçaram acusações de que os disparos foram efetuados por policiais.
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O ato reuniu ainda líderes comunitários e do movimento negro, que lembraram estatísticas sobre a violência contra a população negra no país.
“Chega de matar nossa crianças, chega de matar inocentes, chega de matar trabalhadores”, pediu Lidia da Silva Moreira Santos, avó de Rebeca Beatriz Rodrigues dos Santos.
Segundo reportagem da Folha de São Paulo, Rebeca, 7, e a prima Emilly Victoria Silva dos Santos, 4, foram baleadas enquanto brincavam na porta de casa na noite de sexta (4), em uma comunidade conhecida como Barro Vermelho. Rebeca foi atingida no tórax e Emilly, na cabeça.
No sábado (5), a Polícia Militar afirmou que os policiais que estavam nas proximidades no momento das mortes não efetuaram os tiros. Neste domingo, informou ter aberto procedimento para apurar o caso, em colaboração com a Polícia Civil. As armas de cinco policiais que estavam na região já haviam sido apreendidas pela Policia Civil para a realização de exame balístico. Em sua conta no Twitter, o governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), prometeu apuração rigorosa do caso.
Tiros partiram da polícia, diz avó
“Eles [os policiais] pararam e atiraram”, afirmou a avó de Rebeca, que diz ter visto a cena. “Não foi ninguém que me contou e nem estou imaginando nada. Não fumo nem bebo.” Ela disse que chegava em casa após o trabalho quando viu uma viatura parada na entrada da rua. Ouviu os disparos e recuou para se proteger. Ao retomar o caminho, viu a viatura deixando o focal em velocidade lenta. A família afirma que não havia nada anormal acontecendo na rua.
As meninas mortas brincavam com outras duas primas na porta de casa. Os pais de Emilly estavam dentro do imóvel e saíram correndo em busca das crianças após ouvirem os tiros. “Encontrei meu irmão deitado em cima da minha filha, já com a cabeça estourada” disse o pai da menina, Alexsandro dos Santos.
Lidia e Alexsandro disseram à Folha que os disparos pareciam ter sido feitos por uma só arma, o que reforçaria a afirmação de que não houve troca de tiros naquele momento.
A avó diz que correu para a rua e viu Emilly caída atrás de uma pedra que era usada como banco pela família. A princípio, não a reconheceu, pela extensão do ferimento no rosto. Depois, viu Rebeca no quintal, ainda respirando. A menina não resistiu ao ferimento e chegou morta ao hospital Com gritos pedindo por justiça, a família chegou ao protesto carregando fotos das meninas e bonecas com manchas vermelhas simulando sangue nas partes do corpo em que foram atingidas.
“Não somos lixo, minha filha vai ter justiça”, disse a mãe de Emilly, Ana Lúcia Silva Moreira. “O que mais é preciso para que parem de matar essas pessoas? Será que é preciso sentirem na própria pele?” questionou, em discurso, Luciene Silva, representante da Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência da Baixada. “São os pretos que estão morrendo.” A família questionou a ausência do poder público desde o socorro das meninas até a falta de apoio após as mortes. No Twitter, o governador prometeu apoio da Subsecretária de Vitimados e se disse “defensor de uma política de segurança que atue com inteligência e focada em preservar vidas”.
Com informações da Folha