
Com Julinho Bittencourt
O Supremo Tribunal Federal (STF) é o principal inimigo dos manifestantes que foram à Avenida Paulista neste 7 de Setembro em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). É o que aponta pesquisa coordenada pelo professor Pablo Ortellado, da Universidade de São Paulo (USP).
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Para 59% dos entrevistados, o STF é o principal inimigo de Bolsonaro, superando até mesmo a esquerda, que ficou com 17% como alvo de críticas.
O levantamento constatou ainda que a principal motivação para a presença dos apoiadores de Bolsonaro era a defesa do impeachment de ministros do STF (29%), seguida pelo endosso à liberdade de expressão (28%) e pela autorização para uma ação do presidente na direção de uma ruptura institucional (24%). Dos presentes, 88% responderam que votaram em Bolsonaro no primeiro turno da eleição de 2018.
Outros dois temas levantados pelo presidente e seus apoiadores nos últimos meses também apareceram: 13% afirmaram que foram às ruas em defesa do voto impresso, que foi rejeitado pela Câmara dos Deputados, e 5% se disseram favoráveis a uma intervenção militar para “moderar” o conflito entre os Poderes.
A pesquisa mostrou ainda que 27% dos manifestantes que estiveram na Avenida Paulista moram fora da Região Metropolitana de São Paulo, indicando a realização de caravanas para o ato.
Maioria contra máscara
Também na mira de críticas de Bolsonaro, esquerda (17%), imprensa (15%), Congresso Nacional (3%), governadores (1%) e CPI da Pandemia (menos de 1%) foram citados na condição de principais adversários do presidente.
Os dados mostram ainda a adesão a outros elementos do discurso de Bolsonaro, como a contraposição a governadores e prefeitos e os ataques às medidas de distanciamento social para conter a disseminação do coronavírus.
Entre os presentes, 87% consideraram inadequado o fechamento do comércio, 84% se disseram contra a imposição de restrições a quem não tomou a vacina, como não poder entrar em restaurantes ou eventos, e 53% afirmaram ser contra o uso obrigatório de máscaras — 41% se disseram a favor, enquanto 49% não usavam o acessório no momento em que foram entrevistados.
Os manifestantes também foram questionados sobre a orientação ideológica. A maioria respondeu ser de direita (77%), enquanto 16% afirmaram não se enquadrar na definição de direita, esquerda ou centro. Os seguidores de Bolsonaro se identificam, em sua maioria , como conservadores em temas como família, drogas e punição a criminosos: 65% se dizem muito conservadores e outros 30%, pouco.
Com informações do Globo