
O deputado federal Luciano Ducci (PSB-PR) e o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) criticaram políticos e empresários mineiros que furaram a fila de vacinação contra a Covid-19. A denúncia foi feita pela revista piauí e repercutiu nas redes sociais entre políticos e artistas.
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A reportagem revela que o grupo de empresários e políticos de Minas Gerais é ligado ao setor de transporte. Na última terça-feira (23), eles teriam sido imunizados junto com parentes com a primeira dose da vacina da Pfizer. Os fura-fila compraram o imunizante da farmacêutica e não repassaram ao Sistema Único de Saúde (SUS), como manda a lei.
Socialistas reprovam fura-filas mineiros
Ducci classificou o ato como ‘desumano e desrespeitoso com a sociedade’. O parlamentar socialista pediu que o caso seja investigado e destacou que fura a fila da vacinação contra o coronavírus descumpre a legislação aprovada pelo Congresso Nacional.
Minc avaliou o gesto como oportunismo e picaretagem e um péssimo exemplo. O parlamentar da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) respondeu a uma postagem da cantora Zélia Duncan.
PSB acionou MP
O líder do PSB na Câmara, Danilo Cabral (PE), denunciou na Justiça o grupo de empresários de Belo Horizonte (MG) acusado de importar vacinas da Pfizer contra a Covid-19 para imunização de um grupo de políticos, empresários e seus familiares. O parlamentar apresentou notícia-crime, nesta quinta-feira (25), ao Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
“Caso sejam os fatos comprovados, trata-se de grave e odiosa infração de medida sanitária, prevista no Código Penal. O envolvimento de agentes públicos no caso mostra desrespeito à moralidade pública e configura ato de improbidade administrativa”, afirma Danilo.
Também assinaram a ação a deputada Lídice da Mata (PSB-BA) e os socialistas Denis Bezerra (PSB-CE), Ricardo Silva (PSB-SP), Camilo Capiberibe (PSB-AP) e Milton Coelho (PSB-PE).
Fura-filas recebem 2a dose da vacina em um mês
De acordo com a piauí, cerca de cinquenta pessoas teriam burlado o Programa Nacional de Imunização (PNI). A segunda dose desses fura-filas mineiros está prevista para ser aplicada daqui a trinta dias. As duas doses custaram a cada pessoa R$ 600. O ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), foi um dos agraciados.
“Estou com 69 anos, minha vacinação [pelo SUS] seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim.”
Clésio Andrade
Segundo pessoas que se vacinaram na ocasião, os organizadores foram os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur. Uma garagem de uma empresa do grupo foi improvisada como posto de vacinação.
Pfizer nega venda da vacina a grupo mineiro
A farmacêutica Pfizer, que teria sido responsável pela venda das vacinas para o grupo de políticos e empresários mineiros, divulgou uma nota na qual negou a operação.
“Nega qualquer venda ou distribuição de sua vacina contra a Covid-19 no Brasil fora do âmbito do Programa Nacional de Imunização. O imunizante Comirnaty ainda não está disponível em território brasileiro. A Pfizer e a BioNTech fecharam um acordo com o Ministério da Saúde contemplando o fornecimento de 100 milhões de doses da vacina contra a COVID-19 ao longo de 2021.”
Pfizer
Nesta quinta-feira (25), o Ministério Público em Minas Gerais será ouvido pelo presidente da CPI dos Fura-Filas da Vacina na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O anúncio foi feito pelo presidente da comissão, deputado estadual João Vítor Xavier (Cidadania), após a publicação da matéria.
Vacina da iniciativa privada deve ser entregue ao SUS
Já está em vigor a Lei nº 14.125 de 10/03/2021, convertida em norma a partir do Projeto de Lei 534/2021, de autoria do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e aprovado pelo Congresso Nacional. A nova legislação determina a doação de todas as vacinas adquiridas pela iniciativa privada ao SUS depois da imunização dos grupos de risco.
De acordo com o Ministério da Saúde, o grupo de risco no Brasil é de 77,2 milhões de pessoas. O país vacinou menos de 15 milhões de pessoas até agora.Mesmo depois da imunização dos grupos prioritários, as vacinas compradas pela iniciativa privada devem ser divididas meio a meio com o SUS, numa operação fiscalizada pela pasta. A revista foi respondida por meio de nota.
“As doses contratadas pela pasta da Pfizer/BionTech ainda não chegaram ao Brasil. A previsão do laboratório é entregar a primeira remessa a partir de abril ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) – que é a base da vacinação de todos os brasileiros contra a Covid-19.”
Ministério da Saúde
Dona do local de vacinação nega compra de vacinas
De acordo com relatos, o grupo foi vacinado por uma enfermeira que se atrasou porque estava imunizando outro grupo na Belgo Mineira, mineradora hoje pertencente à ArcellorMittal Aços. Em nota, a emprese negou que tenha comprado vacina contra a Covid-19 da Pfizer ou de qualquer outra empresa farmacêutica.
“A empresa nunca fez nenhum contato com a Pfizer ou qualquer outra empresa do setor farmacêutico para compra direta de vacinas contra o coronavírus. A Abertta Saúde, empresa de gestão de saúde da ArcelorMittal, atua como posto avançado de vacinação do SUS junto às Secretarias Municipais de Saúde de Belo Horizonte e de Contagem. No entanto, a ArcelorMittal desconhece qualquer atuação de seus profissionais em atos correlacionados à vacinação fora dos protocolos do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Imunização – PNI.”
ArcellorMittal Aços
Com informações da piauí