
Deputados socialistas repudiaram as novas ameaças à democracia proferidas pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto. De acordo reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, ele teria enviado um recado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), condicionado as eleições de 2022 à aprovação do voto impresso. Os dois negam a ameaça.
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), se manifestou pelo Twitter e disse que é extremamente grave a denúncia de que o ministro da Defesa teria ameaçado o Congresso Nacional. “Não cabe ao ministro da Defesa querer impor ao Parlamento o que deve aprovar, nem estabelecer condições para que as eleições aconteçam. Vou propor que a Câmara convoque o ministro em Comissão Geral para esclarecer os fatos”.
O parlamentar também usou as redes sociais para defender o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que pediu a abertura de investigações contra Bolsonaro, por acusações contra a lisura do processo eleitoral e para apurar as denúncias, feitas pelo presidente, sobre fraudes nas urnas eletrônicas.
Para o líder da Minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), os Poderes Legislativo e Judiciário não podem admitir essa nova ameaça. “Os atos de Braga Netto são ilegais e rebaixam as Forças Armadas. Elas deveriam servir ao Estado brasileiro, como manda a Constituição, não a um governo enfraquecido e desesperado que as utiliza como arma para ameaçar a democracia e tentar demonstrar uma força que não tem”.
O parlamentar também criticou o retrocesso com a reivindicação dos parlamentares da base de apoio de Bolsonaro pela contagem de votos em cada seção eleitoral.
Camilo Capiberibe também manifestou sua indignação pelas redes sociais. “As ameaças combinadas de Braga Netto e Bolsonaro são arroubos autoritários e configuram crime de responsabilidade do presidente. O Brasil e a democracia são maiores que eles e seus inconsequentes seguidores e não podemos viver sobressaltos por tiranetes”.
Braga Netto e Lira negam ameaças
Arthur Lira, afirmou, nesta quinta-feira 22, ser “mentira” a informação trazida pelo jornal O Estado de S.Paulo de que Braga Netto teria enviado um recado a ele avisando que, se não houver a aprovação do voto impresso e “auditável”, não haveria eleições em 2022. Em suas redes sociais, Lira ressaltou que o voto secreto é uma conquista dos brasileiros.
A ameaça teria ocorrido no último dia 8 de julho, na presença dos comandantes das Forças Armadas. Nesse mesmo dia, Bolsonaro declarou publicamente que, se não houvesse voto impresso, não haveria eleições. Braga Netto negou que tenha dado a declaração.
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