
Parlamentares e o presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) comentaram a escalada macabra dos números de mortes de brasileiros em decorrência do coronavírus. Na última semana, o Brasil encarou os piores setes dias da pandemia da Covid-19. Não há expectativas de redução dos números de mortes pela doença. Entre 15 e 21 de março, o país somou 25% das mortes no mundo no período.
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O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) relembrou que há um ano, em 22 de março de 2020, Jair Bolsonaro (sem partido) previu que o Brasil chegaria a 800 mortos pela Covid-19. No dia 22 de março deste ano, o número de vítimas do coronavírus é de quase 300 mil pessoas. O socialista comentou que mesmo diante do desastre, o presidente da República persiste nos erros.
O deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) destacou a necessidade de adotar medidas preventivas para enfrentar a pandemia da Covid-19. Ele comentou que o “bolsovírus” dilacera a saúde da população e destrói a economia, com alta de preços, juros e desemprego. O parlamentar avalia que o Brasil se transformou em uma ameaça planetária.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, alertou que a cada dia mais brasileiros correm risco de morte pela inação do governo Bolsonaro. O dirigente afirmou que além da lentidão da vacinação, agora faltam insumos para manejo da Covid-19 nas UTIs. Ele classificou a situação como um “festival de horrores”.
Números de mortes pela Covid-19 disparam no Brasil
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, no total, 60,2 mil pessoas foram vítimas da Covid-19 no planeta entre os dias 15 e 21 de março —15,6 mil delas apenas no Brasil, país que representa apenas 2,7% da população mundial.
Os dados da OMS também revelam que, num período de uma semana, o número de mortes no Brasil foi o dobro do que foi registrado pelo segundo colocado, os EUA. Com ampla vacinação e medidas de distanciamento social, os estadunidenses somaram 7,5 mil mortes na semana.
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Os números dos demais locais de intensa transmissão da Covid-19 também apontam índices absolutos mais baixos. Em terceiro lugar, o México somou 3,3 mil mortes na semana, contra 2,9 mil na Rússia, 2,7 mil na Itália, 2,1 mil na Polônia e 1,8 mil na França.
Sozinho, o Brasil representa metade das mortes no continente americano e se aproxima do total registrado na Europa, com 20 mil mortos em uma semana. O continente europeu, porém, tem uma população de 764 milhões de pessoas, mais de três vezes o total brasileiro.
No geral, o Brasil ocupa a segunda colocação entre os países que mais registraram mortes desde o começo da pandemia. Foram mais de 290 mil, contra 536 mil nos EUA.
Segundo a OMS, foram 5,3 mil óbitos oficialmente registrados no planeta no período de 24 horas. No Brasil, foram 2,4 mil mortes, contra 773 nos EUA, 608 no México, 401 na Itália ou 371 na Rússia. Mas vários países europeus não tinham submetido ainda os dados mais recentes para que uma conta completa possa ser realizada no que se refere ao período de 24 horas.
Brasil é examinado por peritos internacionais
Enquanto a crise brasileira se aprofunda, o país passa a ser alvo de um exame por parte do grupo criado pela OMS para avaliar como cada um dos governos reagiu à pandemia. Na semana passada, os peritos escolhidos pela agência para avaliar a resposta mundial à crise escolheram 28 países para tentar entender o que funcionou e o que fracassou.
O Brasil, segundo revela o jornalista Jamil Chade, do portal de notícias Uol, foi um dos selecionados para ser examinado e o Ministério da Saúde foi obrigado a submeter informações aos peritos. O processo é confidencial e será concluído apenas em maio. Mas, segundo fontes que estiveram nas reuniões, o Brasil foi usado como um exemplo de como ações foram consideradas insuficientes. O processo de exame da situação brasileira foi, ironicamente, resultado de uma pressão feita pelo Itamaraty contra a OMS.
Em 2020, ao lado do governo de Donald Trump, o governo de Jair Bolsonaro aderiu a um projeto para exigir que a agência mundial de saúde fosse alvo de uma espécie de auditoria. O projeto foi aprovado. Mas os peritos escolhidos para realizar o exame optaram por examinar não apenas a OMS.
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Além da gestão de Tedros Ghebreyesus, os especialistas decidiram que iriam também avaliar como os diferentes governos responderam aos alertas internacionais, às recomendações e à declaração de emergência global, em janeiro de 2020.
Uma das primeiras conclusões aponta que, se a emergência foi estabelecida, poucos foram os governos que implementaram medidas concretas e fortaleceram seu sistema de saúde nas primeiras semanas após a eclosão da crise.
Com informações do Uol