
Enquanto o Brasil padece sob o comando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com mais 350 mil mortos pela Covid-19 e economistas falando em recessão para 2021, países fora da curva do capitalismo dão exemplo na conduta durante a pandemia do coronavírus. Entres eles se destacam China, Vietnã e Cuba. Todos com baixa taxa de mortalidade e investimentos em uma vacina nacional para acelerar o plano de imunização naqueles países.
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Na última sexta-feira (9), terminou a terceira edição da “World Health Expo” (Exposição Mundial de Saúde, numa tradução livre) na China, uma feira para exibição de equipamentos e investidores em tecnologias médicas. A sede da exposição é Wuhan, onde o vírus foi detectado pela primeira vez, em dezembro de 2019. Depois de ser a pioneira no mundo em impor um regime de lockdown, a cidade já vive uma vida normalmente.
Organizado pelo Partido Comunista da China, o evento realça os esforços do governo de Pequim para expandir os cuidados de saúde e mostrar ao mundo a capacidade do país em expandir o acesso à saúde primária – um dos fatores-chave para o gigante asiático ter conseguido controlar tão bem a pandemia.
Até o momento, o país registrou 90.400 mil casos de Covid-19 e apenas 4.636 mortes, número muito próximo do que foi registrado em 24h na última quinta-feira (8) no Brasil, com 4.249 óbitos. Além disso, a China tem pelo menos quatro vacinas, todas com aprovação para uso emergencial no país, mas não autorização total.
Vacinação na China
As autoridades chinesas estão correndo para acelerar a vacinação da população e, assim, e já superaram o ritmo visto nos Estados Unidos, conseguindo vacinar até 6 milhões no dia 8 de abril e 5 milhões no dia 9, de acordo com o Our World In Data. Enquanto isso, no Brasil, mesmo tendo capacidade para vacinar 2,4 milhões por dia, segundo dados do Ministério da Saúde, a marca de 1 milhão de doses aplicadas só foi ultrapassada três vezes.
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A China também vem exportando vacinas prontas e insumos para outros países, entre eles o Brasil. Em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, o Instituto Butantan já entregou 38,2 milhões de doses da vacina CoronaVac ao governo federal. Duramente criticada pelo presidente Bolsonaro por sua origem, o imunizante já corresponde a mais de 80% das doses aplicadas no país.
Exemplo de cooperação
Na última quinta-feira (8), a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, informou que o país irá produzir a vacina cubana Abdala contra a Covid-19. Decisão ocorre após delegação cubana realizar durante a semana uma verificação nas instalações do laboratório Espromed Bio, a fim de verificar as condições adequadas para a produção do imunizante de Cuba.
“Enquanto o mundo está realmente mergulhado em um processo abominável de desigualdade e iniquidade no acesso dos povos às vacinas, aqui está Cuba dando o exemplo para o mundo”, disse Rodríguez, que agradeceu o presidente cubano Miguel Díaz-Canel pela cooperação.
Rodríguez também comentou sobre as medidas do presidente Nicolás Maduro para que a “Venezuela e o povo venezuelano tenham acesso ao processo de vacinação e da imunidade massiva necessária para derrotar a Covid-19”.
“Este é o caminho para vencer a pandemia: solidariedade e cooperação. Nenhum país pode, por si só, lutar e conseguir uma vitória sobre a covid-19. Devemos nos unir, devemos concentrar nossos esforços”, disse.
Economia em crescimento
Na última semana, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que a China é “motor da economia mundial”, dando destaque a recuperação do país asiático e aos Estados Unidos durante a pandemia. Segundo estudo banco J.P. Morgan, o PIB per capita da China deve dobrar na próxima década. Isso significa que quase meio bilhão de chineses deveM ascender à classe média e possivelmente aumentar seus gastos com automóveis, telefones celulares, serviços financeiros, educação e saúde.
Com isso, a estimativa é de que o PIB da China salte de cerca de US$ 15 trilhões em 2020 para algo em torno de US$ 27 trilhões, ultrapassando assim os Estados Unidos na liderança da economia global. “A China foi a única a ter uma recuperação em formato ‘V’ bem-sucedida no mundo em 2020, durante a pandemia do coronavírus, enquanto os Estados Unidos tiveram um padrão de crescimento mais incerto”, explica o relatório.
Outro destaque no controle da pandemia e, consequentemente, na expansão do PIB, foi o Vietnã. O país cresceu 2,9% em 2020, uma das maiores taxas de crescimento do mundo. Além disso, o FMI afirmou que o crescimento do país para 2021 está projetado para 6,5%, graças a fortes fundamentos econômicos, medidas de contenção decisivas e apoio governamental direcionado para o desenvolvimento econômico.
Lockdown efetivo
Quando surgiram os primeiros casos da Covid-19, o Vietnã fechou imediatamente a fronteira com a China e não hesitou em alertar todo o país para a gravidade do que estava por vir. A primeira medida foi interromper as atividades nas escolas e universidades, além de impor um rígido controle sobre os portos e aeroportos, monitorando todas as pessoas que vinham de áreas expostas à epidemia.
Após a gravidade do vírus se tornar clara, o país adotou o lockdown e realizou um rastreamento completo de todas as pessoas que entraram em contato com a Covid-19. As pessoas suspeitas de contágio foram classificadas como F(0) e foram imediatamente submetidas a exames de detecção. Ao mesmo tempo, preenchem um questionário relatando todos os lugares que frequentou e é feito um levantamento de todas as pessoas que poderiam ter sido expostas à doença, em diferentes graus.
O resulto é extremamente satisfatório, com 96,46 milhões de habitantes, apenas 2.693 pessoas foram contaminadas em um ano e ocorreram 35 óbitos pela Covid-19.
Com informações da CNN, do Ecodebate e do Infomoney