
O novo presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, toma posse oficialmente nesta sexta-feira (16) e começa a trabalhar com nova alta nos preços da gasolina e do diesel. O novos valores anunciados pela estatal passam a valer neste sábado (17).
Na última segunda-feira (12), a companhia anunciou a saída de Roberto Castello Branco e a aprovação do nome de Silva e Luna para integrar o Conselho de Administração. Em fevereiro, o general foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o comando da Petrobras.
O presidente passou a criticar publicamente a administração da estatal por causa do aumento de preços dos combustíveis. A mudança drástica anunciada pelo chefe do Executivo aumentou a incerteza dos investidores com a agenda liberal do governo prometida durante a campanha eleitoral de 2018. Depois da troca, a petroleira chegou a perder R$ 100 bilhões em valor de mercado em apenas dois dias.
Aumentos dos preços dos combustíveis
O diesel teve alta média por litro de R$ 0,10. Assim, passará de um preço médio de R$ 2,66 para R$ 2,76. Esse é o sexto aumento desde janeiro. No ano, o diesel acumula alta de 36,6% nas refinarias. O litro da gasolina subiu R$ 0,05 por litro, passando de R$ 2,59 para R$ 2,64. Esse é o sétimo aumento do ano. Assim, no acumulado de 2021, a gasolina acumula alta de 43,4% nas refinarias. As altas ocorrem após duas quedas seguidas nos preços do diesel e gasolina nas refinarias.
O preço da gasolina e do diesel vendidos na bomba do posto revendedor é diferente do valor cobrado nas refinarias da Petrobras. Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores de combustíveis.
A estatal esclareceu que “os reajustes são realizados a qualquer tempo, sem periodicidade definida, de acordo com as condições de mercado e da análise do ambiente externo”. Isso possibilita, informou a empresa, “competir de maneira mais eficiente e flexível e evita o repasse imediato da volatilidade externa para os preços internos”.
“O alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras”.
Petrobras, em nota
No dia cinco de abril, a Petrobras elevou o preço do gás às distribuidoras em até 39%. A alta começa a valer a partir de maio. O reajuste será repassado ao consumidor final, embora não na mesma proporção, segundo a associação que reúne as distribuidoras.
Petroleiros questionam política de preços
O coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, avalia que a indicação do general Silva e Luna para assumir a presidência da Petrobras gera dúvidas sobre a futura condução da nova política de preços da empresa.
“De nada adianta mudar o comando da Petrobras se não houver mudança nessa desastrosa política de preços.”
Deyvid Bacelar, FUP
Bacelar ressaltou os principais itens que exigem correções imediatas de rumo. Entre eles, está o que chamou de “nefasta política de Preço de Paridade de Importação (PPI)” dos combustíveis, incluindo o gás de cozinha, utilizada desde 2016 e reforçada pela gestão de Castello Branco; e venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, a preço “de banana”, muito abaixo do valor de mercado.
Preço dos combustíveis refletem na inflação
Os aumentos dos preços dos combustíveis, incluindo o gás de cozinha, foram os principais responsáveis pela inflação de 0,93% medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, o IPCA registra aumento de 6,10%, acima do teto da meta de inflação estabelecida para este ano, de 5,25%.
“O PPI é uma política cruel e equivocada, que reajusta gasolina, óleo diesel e gás de cozinha com base no preço internacional do petróleo e na cotação do dólar – mesmo quando esses combustíveis são produzidos no país, com óleo brasileiro. Resultado: combustíveis caros, fretes e alimentos em alta, inflação subindo.”
Deyvid Bacelar, FUP
Com informações de O Globo, Agência Brasil e FUP