Nota técnica foi enviada ao presidente do Ibama, Eduardo Bim, e ao presidente do Conselho da Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão

Em manifestação técnica, mais de 600 servidores do Ibama alertam para um aumento de 28% no desmatamento consolidado na Amazônia entre agosto de 2019 e julho de 2020, em comparação com o mesmo período em 2018-2019.
Divulgada na quarta-feira (22) pela Associação Nacional de Servidores da Carreira de Especialista de Meio Ambiente (Ascema Nacional), a carta foi encaminhada ao presidente do Ibama, Eduardo Bim, e ao presidente do Conselho da Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão.
Os números apresentados pelos técnicos são baseados nas detecções realizadas pelo Deter, o sistema de monitoramento do Inpe. O mesmo sistema que revelou um aumento de 49,7% no desmatamento na região entre agosto de 2018 e julho de 2019 em relação ao período anterior (2017-2018).
Os servidores lembram ainda que, em agosto de 2019, eles já haviam alertado o governo Bolsonaro, em ofício assinado por quase 700 servidores, sobre as medidas emergenciais que deveriam ser tomadas para evitar a crise ambiental na Amazônia.
“Tal documento alcançou ampla repercussão nacional e internacional, mas foi lamentavelmente ignorado pelos decisores e pelos agentes políticos e econômicos do país. Infelizmente as previsões ali expostas se concretizaram”, diz trecho do documento.
Forças Armadas na Amazônia
A carta ainda aponta a desestruturação do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) e a adoção de medidas que “reduzem a autonomia e a capacidade de atuação institucional” dos órgãos ambientais, sobretudo o Ibama. Segundo eles, esses fatores agravaram a crise ambiental na Amazônia.
Os servidores cobram que os cargos em comissão da autarquia sejam ocupados por servidores públicos da carreira de especialistas em meio ambiente, com perfil profissional e formação acadêmica compatível.
Eles exigem, ainda, a revogação de artigo de decreto que instituiu a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), submetendo os servidores do Ibama à coordenação das Forças Armadas.
Segundo eles, sem a influência das Forças Armadas, estaria garantido a “autonomia institucional no que tange à seleção de alvos, ao emprego de estratégias e instrumentos de dissuasão estabelecidos na legislação”, refletindo em maior eficácia das operações.
Por fim, reforçam critica a gestão da GLO informando que em apenas dois meses foi consumido mais de R$ 124 milhões do orçamento. Valor representa 32% a mais do que o orçamento gasto pelo Ibama com fiscalização e combate a incêndios florestais nos 12 meses de 2019.
Com informações da Folha de S. Paulo