
Vídeos gravados por servidores de hospitais do Distrito Federal que mostram corpos de vítimas da Covid-19 deixados em corredores das unidades de atendimento, armazenados no chão e, em outros casos, à espera de remoção, começaram a circular na internet no fim de semana.
À beira do colapso, o sistema de saúde da capital federal vem enfrentando problemas no manuseio de cadáveres e na condução das vítimas a necrotérios. Com 400 pessoas à espera de um leito de unidade de terapia intensiva (UTI), o DF segue em estado de calamidade pública desde o último dia 9 de março.
No sábado (20), no Hospital Regional do Guará (HRGu), corpos de pacientes que morreram devido à Covid-19 ficaram no chão do necrotério, por falta de espaço, segundo denúncia recebida pela reportagem veiculada pelo Portal G1. As vítimas, entre elas dois idosos, eram casos confirmados ou suspeitos da Covid-19. A Secretaria de Saúde, no entanto, disse que o Hospital Regional do Guará “segue o preconizado no protocolo específico de preparo e armazenamento dos corpos vítimas da Covid-19”.
De acordo com a pasta, a unidade de saúde tem comportado a demanda, já que tem baixo índice de mortalidade. A secretaria informou que os corpos que aparecem nas imagens não estavam no chão, mas sim sobre “um tablado de madeira”, enquanto aguardavam transição para o serviço funerário.
No domingo (21), o DF confirmou mais 27 mortes e 1.080 novos casos de Covid-19. Com os novos registros, o total de óbitos chegou a 5.382, e os infectados passaram para 328.902.
Desobediência aos protocolos da Covid-19
Ainda no sábado, no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), um homem de 45 anos morreu e o corpo dele ficou no corredor pelo menos por 24 horas, também segundo denúncia recebida pela reportagem. O cadáver não havia sido preparado conforme o protocolo de manuseio de vítimas da Covid-19 e, por isso, houve demora para a remoção por parte do sistema funerário. Imagens da unidade mostram que o cadáver está enrolado em um pano e com secreção à mostra.
Tânia Batista, presidente da Associação das Funerárias do Distrito Federal, (Asfun-DF), disse que denúncias sobre hospitais que agem de forma errada no manuseio de cadáveres são constantes. “Corpos são colocados nos corredores, sem serem identificados e fora do invólucro próprio para armazenamento”, comentou.
“É muito triste que isso aconteça, mas é um fato, é real e já estamos tendo esses alertas. Recebemos imagens muito fortes”, disse. Tânia cobrou que os protocolos devem ser seguidos e diz que qualquer descuido é uma “falta de responsabilidade”. “Nossos agentes estão trabalhando de forma muito precária”, lamentou.
Colapso da saúde do DF
No Distrito Federal, 96,33% do sistema de saúde público está comprometido, segundo levantamento da Secretaria de Saúde divulgado às 8h10 desta segunda-feira (22). De acordo com o relatório, restam 12 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para tratar pacientes com a Covid-19.
Das vagas disponíveis, apenas cinco são para adultos. Ao todo, há 409 leitos. Desses, 367 estão ocupados, 21 aguardando liberação e nove bloqueados. Além disso, há 400 pessoas na lista de espera por uma vaga em UTI, sendo que 309 estavam com suspeita ou confirmação da Covid-19.
Na rede privada, também há sobrecarga. Dos 432 leitos de UTI, 395 estavam ocupados às 7h10 desta segunda. Restam 36 vagas, sendo 35 para adultos.
Com informações do G1 DF