
A pandemia da Covid-19 ceifou milhões de vidas pelo mundo e trouxe impactos financeiros que vamos sentir por muitos anos, o que faz com que gestores responsáveis já estejam apertando os cintos para evitar gastos desnecessários. Parece que esse não é o caso do Sebrae/SP. O serviço vinculado ao Sistema S, que recebe recursos da União para se manter, vai gastar mais de R$ 1,4 milhão com serviço de clipping.
Clipping é o monitoramento de notícias sobre a empresa nos veículos de imprensa. O problema não está no serviço em si, mas no montante vultuoso. Mais de R$ 100 mil mensais para um contrato que outros órgãos pagam entre R$ 1 mil e R$ 5 mil.
Em fevereiro, o Sebrae regional de São Paulo já havia tentando contratar uma empresa por R$ 2,6 milhões, mas desistiu. A empresa era alvo de uma investigação por contrato superfaturado na Assembleia Legislativa de São Paulo. À época, o jornalista George Marques denunciou o pregão e o processo foi suspenso.
A vencedora dessa vez foi outra empresa, a MyClipp. Ela também é alvo de investigação por se apropriar de conteúdos gerados por outra concorrente.
Além disso, a empresa sequer poderia participar da licitação, uma vez que se declarou Micro e Pequena Empresa e foi adquirida por outra corporação, a Knewin. No entanto, conforme legislação brasileira, uma empresa que tem entre seus sócios outra pessoa jurídica não se enquadra nessa classificação.
O Sebrae recebe verba pública. Só em 2016, a Receita Federal repassou R$ 16 bilhões arrecadados de tributos para nove entidades do Sistema S, entre elas o Sebrae. Esse valor representa metade do que foi gasto com o Bolsa Família no ano seguinte, por exemplo.