
Em mais uma fala preconceituosa, o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um discurso na noite desta quarta-feira (13) carregado na pauta de costumes e recheado de expressões homofóbicas e transfóbicas, em Imperatriz (MA). Durante o evento, o mandatário defendeu que “o Joãozinho seja Joãozinho a vida toda”, que “a Mariazinha seja Maria a vida toda” e repetiu que o seu modelo de família é composto por “homem, mulher e prole”.
Ao defender barrar projetos de lei que não sejam conservadores, disse que no governo Lula (PT) houve tentativa de “desconstrução da heteronormatividade“.
“O que nós queremos é que o Joãozinho seja Joãozinho a vida toda. A Mariazinha seja Maria a vida toda, que constituam família, que seu caráter não seja deturpado em sala de aula”, declarou.
As falas preconceituosas do presidente Jair Bolsonaro, principalmente quando se trata de cunho LGBTfóbico, não são de hoje e acendem o questionamento sobre a impunidade no Brasil. De ameaças a agressão a sorofóbia, o atual chefe de Estado coleciona dezenas de momento onde fere direitos da comunidade LGBTQIA+. Confira algumas das mais marcantes e se questione: “Se homofobia é crime, por que Bolsonaro nunca foi preso?”
“Ninguém gosta de homossexual, a gente suporta”
Em 1997, Bolsonaro criticou uma lei, do PSOL, que estava em discussão na época para criminalizar a homofobia. “Ninguém gosta de homossexual, a gente suporta”, afirmou.
“Se eu ver dois homens se beijando na rua, vou bater”
Em 2002, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o então deputado Bolsonaro disse que se visse dois homens se beijando na rua, ele partiria para agressão.
“Não vou combater nem discriminar, mas, se eu ver dois homens se beijando na rua, vou bater”, declarou após que FHC posou com a bandeira gay em apoio a aprovação da união civil entre pessoas do mesmo sexo.
“O filho começa a ficar assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele”
Em um debate na TV Câmara, em 2010, Jair sugeriu que a melhor forma de corrigir a homossexualidade seria através da violência. “O filho começa a ficar assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele. Olha, eu vejo muita gente por aí dizendo: ainda bem que eu levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem. A gente precisa agir”, afirmou ele que repetiu a declaração várias vezes.
“Esse pessoal não tem nada a oferecer”
“O que esse pessoal tem para oferecer para a sociedade? Casamento gay? Adoção de filhos? Dizer que se seus jovens, um dia, forem ter um filho, que se for gay é legal? Esse pessoal não tem nada a oferecer“, afirmou em 2011 durante entrevista ao extinto programa “CQC”, da TV Bandeirantes.
“O sangue de um homossexual pode contaminar o sangue de um heterossexual”
Bolsonaro polemizou em 2011 sobre doação de sangue dizendo que hospitais deveriam separar sangues de gays e héteros para transfusões. Para ele, sangue de gays tem 17 vezes mais risco de transmitir a AIDS, mas deu a entender que não queria receber sangue de um homossexual.
Usando de informações falsas sobre riscos acrescidos de gays se infectarem com o HIV sexualmente, ele deturpou a informação e abriu uma campanha por uma lei para separar os sangues, que acabou abandonada. “O sangue de um homossexual pode contaminar o sangue de um heterossexual”.
“Seria incapaz de amar um filho homossexual”
Ainda em 2011, ainda como deputado, afirmou em uma entrevista para a revista Playboy seria incapaz de amar um filho homossexual. “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.”
“Os gays não são semideuses. A maioria é fruto de consumo de drogas”
Em uma entrevista para o El País, em 2014, Bolsonaro defendeu que a maior parte das pessoas homossexuais são influenciadas pela amizades ou consumo de drogas. “Apenas uma minoria nasce com defeito de fábrica. Aqui no Brasil se tem a ideia de que quem for homossexual vai ter sucesso na vida”, respondeu na época.
Quando o jornalista argumentou que pessoas LGBTQIAP+ são alvo de violência, Bolsonaro questionou se ele seria gay e criticou o projeto de lei que criminalizava a homofobia, questionando se “só porque alguém gosta de dar o rabo dele passa a ser um semideus e não pode levar porrada?”.
“O Brasil não pode ser um país de turismo gay”
Em 2019, em um café da manhã com jornalistas, Bolsonaro afirmou: “Quem quiser vir aqui [ao Brasil] fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. O Brasil não pode ser um país de turismo gay. Temos famílias”.
A declaração foi dada por Bolsonaro em resposta à pergunta de uma jornalista se o presidente não acha que suas declarações consideradas homofóbicas afastam os investimentos do país.