
Em depoimento à Polícia Federal em Brasília nesta segunda-feira (11), o ex-superintendente da corporação no Rio de Janeiro, delegado Ricardo Saadi, afirmou que sua saída do cargo foi antecipada em agosto do ano passado “a pedido e sem justificativa clara”.
Testemunha do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar supostas interferências do presidente na corporação, feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro, Saadi também disse que assumiu a superintendência do Rio em 2018 com a perspectiva de deixar o cargo no mesmo ano.
Após a mudança de governo, o diretor-geral da PF à época, Maurício Valeixo, informou que ‘as coisas estavam fluindo bem’, sugerindo que Saadi que permanecesse na chefia da corporação até o fim de 2019. A expectativa de Saadi era conseguir a transferência para Brasília no ano seguinte.
Mudança de planos
No entanto, em 15 de agosto do ano passado, Saadi afirmou que recebeu ligação de Valeixo afirmando que havia decidido ‘adiantar os planos de troca’ da superintendência do Rio e que iria levá-lo para Brasília, ‘não revelando eventuais razões para tanto’. Saadi teria recebido a informação momento depois de que Bolsonaro havia anunciado a troca de comando da PF Rio.
Na oitiva, ele também alegou que ‘não ficou esclarecido’ a ‘origem nem outros detalhes’ envolvendo tal ‘pedido’ de substituição no comando da superintendência fluminense. “Questionado especificamente se credita sua dispensa a alguma interferência política, afirma que os motivos não lhe foram apresentados para antecipar sua saída em agosto de 2019”, apontou o depoimento.
O ex-chefe da PF-RJ também disse que ‘não recebeu pedido formal ou oral de início de investigações ou de arquivamento’ nem para ‘interferência em eventuais investigações relacionadas ao Presidente Jair Bolsonaro, familiares seus, ou pessoas ligadas a ele’.
“O depoente jamais recebeu pedido formal ou informal de inteligência da Presidência ou de órgão do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), que formal ou materialmente se traduziria em tentativa de obtenção de informações de polícia judiciária”, anotou.
Com informações do Estadão.