
O Projeto de Lei 1429/20, de autoria dos deputados Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PDT-SP), obriga empresas responsáveis por aplicações de internet, como sites, blogs, redes sociais e aplicativos de mensagem, a adotarem mecanismos de checagem e correção de informações com o objetivo de evitar a propagação de conteúdo falso (fake news, em inglês). Em análise na Câmara dos Deputados, o texto cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência Digital.
A proposta determina a remoção de conteúdos com mais de 5 mil visualizações identificados como desinformação, e proíbe o uso de contas inautênticas (perfis falsos) e de robôs (bots ou botnets, em inglês) para simular ações humanas na internet. As medidas devem, entretanto, respeitar a utilização lícita de apelidos pelos usuários e de algoritmos (bots) cuja atividade seja legítima e tenha sido comunicada previamente ao provedor da aplicação.
Em suas redes sociais, Rigoni lançou um abaixo-assinado virtual para que as pessoas apoiem a proposta.
80% das pessoas querem receber correções quando forem expostas a notícias falsas. Esse é um dos objetivos do nosso projeto, em parceria com a deputada @tabataamaralsp e outros parlamentares. Precisamos criar mecanismos de combate a desinformação.https://t.co/DQuFpeijYc
— Felipe Rigoni (@rigoni_felipe) May 6, 2020
Um bot é uma conta virtual automatizada, geralmente em mídia social, executada por um algoritmo e não por uma pessoa real. O objetivo é ” inflar” a popularidade de um assunto.
As três principais características de um bot são anonimato, grandes níveis de atividade e foco em usuários ou em tópicos específicos. Botnets são redes de bots comandadas por uma mesma pessoa ou grupo. Também existem bots legítimos, como robôs que varrem a internet indexando sites para serviços de busca, como o Google.
“Impulsionamento”
No caso de anúncios online, propaganda política patrocinada e conteúdos patrocinados (mensagens compartilhadas, principalmente em redes sociais, em troca de pagamento), o texto exige que o usuário da aplicação seja comunicado de que se trata de “impulsionamento”, ou seja, conteúdo pago ou promovido, identificando quem pagou pela divulgação. Também determina que o usuário seja direcionado para acessar os critérios usados na escolha do público-alvo do anúncio.
Propagandas políticas patrocinadas devem conter adicionalmente: informação se foi paga por um partido político, indicando qual, se houver; e dados sobre todos os anúncios e propagandas que o patrocinador realizou nos últimos 12 meses.
De forma isolada ou cumulativa, os provedores de aplicação que descumprirem as medidas poderão ser punidos com advertência, multa de até 10% do faturamento, suspensão temporária das atividades, ou proibição de exercício das atividades no País.
Desinformação
A proposta define como desinformação o conteúdo retirado de contexto ou manipulado por alguém com a finalidade de obter vantagem econômica, causar dano público – como fraude em eleição –, risco à democracia, à integridade de grupos identificados por raça, gênero, orientação sexual ou visão ideológica, ou ainda conteúdos capazes de provocar danos à saúde individual ou coletiva da população.
O autores do projeto argumentam que as medidas se justificam porque as ameaças trazidas pela desinformação para o regime democrático são hoje potencializadas pela abrangência e pela velocidade com que os conteúdos circulam na internet.
“O combate à disseminação de informações inverídicas e não baseadas em evidências científicas representa uma proteção às instituições, à democracia, à honra pessoal e à saúde individual e coletiva da população, principalmente em tempos de pandemia de Covid-19”, diz a justificativa que acompanha o projeto. O objetivo é “tratar a desinformação com mais informação,” e garantir que “informações factuais corretas cheguem a todos que são atingidos por fake news”.
Setor público
Ações de publicidade e comunicação governamental devem, necessariamente, segundo o texto, publicar informações baseadas em evidências científicas. A administração pública fica proibida de disseminar desinformação por meio de contas inautênticas, bots ou botnets.
Por fim, o texto altera a Lei de Improbidade para punir a disseminação de desinformação, por meio de contas inautênticas, bots ou botnets com pena que inclui o ressarcimento integral do dano (se houver), perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios por de três anos.
Com Agência Câmara de Notícias