
Após o forte tombo no início da pandemia, o mercado de trabalho formal reagiu no segundo semestre de 2020, mas com destaque para a desigualdade de gênero. As mulheres, que já eram minoria nos empregos formais, vem perdendo ainda mais espaço desde março.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, foram geradas 107,5 mil vagas com carteira assinada para trabalhadores do sexo masculino – resultado entre contratações e demissões de março a novembro. Isso quer dizer que há mais homens trabalhando com carteira assinada do que antes da crise da Covid-19.
Já para as mulheres, o saldo é negativo. No mesmo período, foram fechados 220,4 mil postos de trabalho formais. Ou seja, há menos profissionais do sexo feminino com carteira assinada.
Em fevereiro, as mulheres representavam 40,75% dos contratos com carteira assinada e os homens, 59,25%. Mas, na conta das demissões, a proporção não foi seguida: elas foram 47% dos desligados na pandemia, enquanto eles somaram 53%.
Os dados detalhados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), obtidos pela Folha.
Segundo o Ministério da Economia, a diferença no efeito da crise dependendo do gênero está relacionada a características da crise.
“Os setores com maior participação de mulheres [como comércio e serviços] foram mais afetados pelo fechamento de postos, em decorrência das medidas de distanciamento social para a prevenção de contágio”, ressalta nota técnica.
Até outubro, o mercado de trabalho para as mulheres estava ainda pior -elas eram 40,17% dos contratos formais do país, bem menor que o nível de fevereiro. Eram mais de 440 mil postos fechados para mulheres de março a outubro.
A recuperação se deu em novembro, com o relaxamento das medidas de contenção do vírus que ocasionou retomada de contratações no setor de serviços e comércio. Técnicos do governo arriscam que a previsão de dezembro, a ser divulgado nas próximas semanas, poderá ser positivo.
Medidas para estimular o emprego
O Ministério da Economia estuda a reformulação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), cuja verba vem sendo cortada nos últimos anos. O argumento que os cursos oferecidos não atendem à demanda do mercado de trabalho. Por isso, a pasta prepara, desde o início do governo, mudanças no programa.
Outra medida que já foi levantada é a reformulação do Sistema Nacional de Emprego (Sine) criado em 1975, ou até mesmo a privatização do órgão. Reduzir as agências físicas e ampliar a digitalização do Sine é um dos planos da equipe econômica.
As medidas, no entanto, esbarram na falta de recursos no Orçamento para serem viabilizadas. A pasta também não respondeu se tem medidas em estudo voltadas exclusivamente para mulheres.
Com informações da Folha de S. Paulo