
Lideranças de terreiro declararam apoio ao ex-presidente Lula ao fim do II Egbé, encontro nacional dos povos de terreiro. O evento ocorreu entre os dias 2 e 5 de junho, no Sesc Venda Nova.
Em carta lida por Makota Celinha, uma das organizadoras da atividade, os religiosos cobraram uma agenda com Lula e a participação dos povos de terreiro na construção do plano de governo do petista.
“Nós precisamos de um encontro com o Lula para construirmos uma política real”, disse Baba Dyba, presidente da Rede Nacional de Religiões Afro Brasileiras e Saúde, em entrevista para a Alma Preta.
Os principais temas debatidos durante o evento foram o enfrentamento à intolerância religiosa, o fortalecimento dos povos de terreiro e a conjuntura política vivida pelo país.
O ex-presidente Lula não compareceu e enviou uma carta de saudação para o II Egbé. Ele também destacou que a democracia brasileira está em risco e um dos sintomas disso é a intolerância religiosa e o racismo. Lula fez um convite para os povos de terreiro se mobilizarem para a derrotarem o atual chefe do executivo e adversário do petista.
“Não dá pra conceber pai ou mãe de santo de direita. Na esquerda é onde temos campo para atuar”, afirmou Baba Dyba.
Ele reitera, contudo, que o ex-presidente Lula deve fazer acenos mais concretos às religiões de matriz africana. “Não cabe a vergonha de estar com os terreiros e temer perder o voto dos neopetencostais”, explica. A ausência de Lula no II Egbe não foi bem avaliada pelas lideranças presentes. O convite ao ex-presidente foi feito há 4 meses.
Os povos de terreiro também sinalizaram a importância de se reconstruir espaços como a Seppir, criada na primeira gestão do ex-presidente Lula. “Nós queremos um ministério, com orçamento de ministério”, argumentou Felipe Brito, da Ocupação Cultural Jeholu.
Makota Celinha salientou a importância da atividade, que reuniu cerca de 400 pessoas de todas as regiões do país. “Precisamos criar estrategias de resistencia diante do fascismo. O Egbé é isso, encontro das lideranças nacionais de terreiro”. Organizações de movimento negro como MNU, Conen e Unegro também estiveram presentes.
Foram apresentadas também moções, como a de apoio ao vereador de Curitiba, Renato Freitas (PT). Ele é alvo de um processo de cassação por parte da Câmara de Vereadores de Curitiba.
Temas como racismo ambiental, intolerância religiosa, fomento de políticas públicas às religiões de matriz africana foram debatidos durante o II Egbé.
PSB defende Estado laico e combate a intolerância religiosa
As velhas exclusões – como a pobreza, a miséria, o analfabetismo, a falta de moradia, a insegurança alimentar, a
desqualificação, o desemprego, o emprego precário e informal, amplificamse nos recortes de raça (afrodescendentes, indígenas e minorias étnicas), gênero (notadamente os/as LGBTQIA+), religião (particularmente as de matriz africana), idade (crianças e idosos), e pessoas com deficiência – e se somam às novas exclusões.
O Partido Socialista Brasileiro é solidário e copartícipe, – através de suas instâncias partidárias, e que têm na Negritude Socialista seu principal porta-voz -, das demandas dos movimentos negros, que não se restringem à questão racial, mas também se relacionam com problemas sociais, econômicos e culturais que incidem sobre a população negra.
Para o PSB, as nuances do racismo institucional precisam estar inseridas na lei de criminalização da discriminação racial, para que o crime de racismo, tipificado no artigo 5º da CF, tenha eficácia nos casos concretos.
O PSB defende o Estado laico, preza a inviolabilidade a liberdade de consciência e crença, defendendo o livre exercício dos cultos religiosos e a garantia da proteção aos locais de culto e as suas liturgias, conforme previsto na Constituição Federal
A liberdade religiosa é defendida pelo PSB como base da garantia do direito juridicamente instituído da livre prática dos cultos
religiosos, em destaque das religiões de matriz africana. Defende-se também, nesse sentido, a criminalização da intolerância religiosa.
Com informações do Alma Preta Jornalismo