
Após a quebra de sigilo ser aprovada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fake News, o Correio Braziliense identificou quem são os responsáveis por operar dois dos perfis suspeitos de integrar uma rede de ataques virtuais a políticos.
Com base em dados enviados ao Congresso pelo Facebook, foram identificadas duas pessoas, em São Paulo e em Minas Gerais, que entraram na mira do colegiado. Elas alimentam perfis com os codinomes “PresidenteBolsonaroBR – Mito do Brasil” e “Conservador Liberal”, ambos com mais de 100 mil seguidores.
O “Conservador Liberal” pertence a Webert Florêncio, de 25 anos, morador de Ipatinga (MG), um militante de direita. Evangélico e estudante de Medicina, Florêncio passou a apoiar Bolsonaro em 2016 e fez parte de grupos como o “Direita Minas”.
Segundo o Correio as páginas administradas por ele reproduzem ofensas a adversários políticos de Bolsonaro, como deputados do PSOL, e incentivos a manifestações pró-governo e contrárias ao Congresso e ao STF.
Nos últimos dias, fez coro às críticas ao ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta a forma de reação à pandemia do novo coronavírus. Apesar disso, Florêncio diz que apenas compartilha notícias e opiniões, sem difamar nas redes.
A outra conta, “Mito do Brasil”, está no Instagram e é vinculada a Mariana Aparecida Rosa de Campos, de 39 anos, moradora de Osasco (SP). Ela é responsável por abastecer de conteúdo o perfil, que retrata o dia a dia do presidente e família. O alcance é de 168 mil pessoas.
Ambos os administradores não possuem filiação partidária. Florêncio nega receber qualquer pagamento para manter as redes, já Mariana não atendeu ao jornal.
Elo com o filho do presidente
Os dados apresentados chegaram à CPI em março, numa leva que também possibilitou aos investigadores estabelecer elo direto com o clã presidencial. A conta “Bolso_Feios” foi criada em Brasília por Eduardo Guimarães, assessor parlamentar do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. A conta possuía ataques diretos a adversários políticos, embora Guimarães negue esses registros.