
Uma semana após a morte da juíza Ruth Bader Ginsburg e a menos de 40 dias para as eleições presidenciais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste sábado (26) a indicação da jurista Amy Coney Barrett para a vaga na Suprema Corte. As informações são da BBC Brasil.
A escolha de Trump contradiz atitudes pregressas dos republicanos. Em 2016, quando o juiz conservador Antonin Scalia morreu nove meses antes do pleito, o então presidente democrata Barack Obama foi bloqueado pelo presidente do Senado, o republicano Mitch McConnell, de escolher um substituto.
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Na ocasião, McConnell justificou sua ação dizendo que, como as eleições estavam próximas, a escolha deveria ficar para o próximo presidente eleito, para garantir que os americanos tivessem “voz” na escolha do novo membro da Suprema Corte.
Com a maioria no Senado sendo formada por republicanos, o presidente norte-americano está seguro de contar com os votos na Casa Legislativa para aprovar o nome. A questão agora é saber se a confirmação acontecerá antes ou depois das eleições, em 3 de novembro.
Juíza ultraconservadora
A terceira indicação do presidente Trump para a Suprema Corte, Barret será a juíza que irá alterar definitivamente o equilíbrio da Corte. Com ela, a direita contaria com margem suficiente para ganhar as disputas por 6 a 3.
Aos 48 anos, Barrett foi auxiliar do juiz Scalia por 15 anos e, em 2017, ocupou um posto na Sétima Corte de Apelação, em Chicago. Democratas acusam a juíza de subverter a lei ou distorcê-la de qualquer forma para corresponder às suas crenças.
Mãe de sete filhos, ela é católica devota e já defendeu que “a vida começa na concepção”. Uma das principais pautas do atual movimento conservador nos Estados Unidos é a derrubada da decisão Roe vs. Wade, que em 1973 garantiu que o aborto é legal em todo o país. Barrett pode ser o voto que faltava para isso.
Além disso, a juíza já expressou posicionamentos a favor de políticas restritivas de migração, da limitação ou extinção do chamado Obamacare, o programa de acesso a saúde pública nos Estados Unidos, e da expansão dos direitos à posse e porte de armas. Todos os assuntos agradam à base eleitoral de Trump, que concorre à reeleição.
Um dos poucos temas em que Barrett e o presidente parecem discordar, no entanto, é a pena de morte. Diferente do republicano, a juíza assinalou em um artigo, escrito em 1998, que o Papa era contrário à pena de morte e defendeu que um magistrado católico poderia alegar conflito de consciência para se afastar de um caso cujo desfecho fosse tal pena.
Com informações da BBC Brasil