Dados da quebra de sigilo bancário obtidos pelo MP-RJ revelam depósito de R$ 25 mil feito pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro

De acordo com a Folha de S. Paulo, depositou R$ 25 mil em dinheiro vivo na conta da esposa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), de quem era assessor, uma semana antes de o casal quitar a primeira parcela da compra de uma cobertura em construção na zona sul do Rio.
O deposito foi revelado após a quebra de sigilo bancário ordenada pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ). Junto com outras movimentações financeiras na conta da dentista Fernanda Bolsonaro, há também um crédito em espécie de R$ 12 mil realizado por uma pessoa cuja identidade é mantida sob sigilo.
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Preso no mês passado em Atibaia (SP) na casa de advogado ligado à família Bolsonaro, Queiroz é apontado pelo MP-RJ como o operador financeiro do esquema da “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembléia do Rio, onde ele exerceu mandato de deputado entre 2003 e 2019.
Segundo os dados da investigação da Promotoria, dias antes de a família de Flávio pagar R$ 110,5 mil pela entrada no apartamento, em agosto de 2011, houve um movimento de recursos para cobrir a despesa futura. O primeiro foi realizado por Queiroz, no dia 15.
Dois dias depois, a conta da dentista Fernanda Bolsonaro recebeu R$ 74,7 mil de resgate de aplicações em fundos. No dia 19, há novo depósito em espécie (por pessoa cujo nome não é revelado) na conta da esposa do hoje senador. Toda a movimentação nesses quatro dias gerou um crédito adicional de R$ 111,7 mil na conta da dentista.
Mensalidade escolar
Esse não é o primeiro indício de vínculo entre Queiroz e despesas pessoais da família de Flávio. O MP-RJ obteve, por exemplo, imagens da agência bancária do Itaú na Assembléia Legislativa do Rio mostrando o PM aposentado pagando em dinheiro a mensalidade escolar das filhas do senador em outubro de 2018.
Os promotores também suspeitam que a mesma dinâmica ocorreu no pagamento de outros 53 boletos da escola entre 2014 e 2018, feito com dinheiro vivo na boca do caixa. Eles somam R$ 153,2 mil.
Outra imóvel comprado pela família também é motivo de suspeita por utilizar dinheiro vivo. Investigadores afirmam que os recursos em espécie nas operações do senador têm como origem o esquema da “rachadinha”. O uso de papel-moeda visa dificultar o rastreio do caminho do dinheiro ilegal.