
Após uma eleição em que deixou de conquistar capitais pela primeira vez e viu seu número de prefeituras cair quase um terço, o PT admite que sofreu um dos maiores reveses de sua história. No entanto, o partido ainda atribui “razões para isso fugiram ao seu controle”. As informações são da Folha de S. Paulo.
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Secretário de Comunicação da sigla e candidato derrotado a prefeito de São Paulo, Jilmar Tatto afirma que o eleitorado não enxergou no partido uma alternativa ao governo Bolsonaro.
“O povo foi conservador. Em 2018, votou no Bolsonaro e sua vida piorou, em função da pandemia e do desemprego. Mas agora ficou com medo de mudança”, disse ao admitir derrota do PT.
Em termos práticos, isso significou, segundo Tatto, a opção por candidatos e partidos tradicionais. “Esse movimento do eleitorado contra Bolsonaro não veio para nós, ele foi para o centro”, diz.
Apesar disso, Tatto aponta como triunfo o fato de o PT ter contribuído para a derrota de candidatos mais ligados ao presidente. “Iniciamos a campanha para derrotar o obscurantismo e o fascismo. Isso nós conseguimos, não é pouca coisa.”
Mesmo tendo queda de 256 para 183 cidades administradas, ou 28,5%, o PT ainda conseguiu uma leve melhor comparando com as eleições passadas. Em 2020, conseguiu estar em 15 segundos turnos e venceu em 4: Contagem e Juiz de Fora, em Minas, Diadema e Mauá, em São Paulo. Há quatro anos, esteve em 7, perdendo em todos.
Pandemia e Lula
O senador Jaques Wagner (BA) afirma que houve uma série de dificuldades para o partido, afirma Wagner. Uma das principais, diz, é o fato de Lula não ter podido fazer campanha pelo Brasil, como costuma acontecer em todas as eleições, por causa da pandemia.
No entanto, ele admite que o PT errou ao lançar muitas candidaturas pelo país, o que gerou uma grande demanda pelo fundo eleitoral. “Acabou não sendo suficiente para todos.”
Para o ex-presidente do partido, o deputado federal Rui Falcão (SP), é vital reorganizar a sigla desde a base e desburocratizar seu funcionamento. E, sobretudo, a legenda falhou ao não investir com força na pauta nacional anti-Bolsonaro.
“Faltou na campanha um entrelaçamento maior das questões locais com os problemas nacionais. Um confronto mais nítido com Bolsonaro, seu governo e suas políticas”, diz.
Eleições de 2022
O PT agora tenta se recompor para evitar a repetição desse cenário em 2022 e busca dissociar os resultados do último domingo (29) das chances de retomar a Presidência. Para o ex-senador Aloizio Mercadante, a primeira tarefa para o partido é atrair sangue novo.
“O PT precisa se abrir para trazer novas lideranças. Vai ter que se reestruturar para atrair novos talentos”, afirma Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, centro de estudos do PT.
Em 2022, o mais importante é não haver “canibalização da esquerda”, segundo o ex-senador. Até porque, diz, o resultado municipal não será definidor para o nacional.
“Tínhamos sofrido uma grave derrota nas eleições municipais de 2016, o golpe [impeachment de Dilma Rousseff], a prisão do Lula e fomos para o segundo turno na eleição presidencial [em 2018]”, afirma Mercadante.
Com informações da Folha de S. Paulo