
Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a testar os limites constitucionais ao afirmar que é “melhor para o Brasil” não informar o total de mortes pelo coronavírus durante a pandemia. Depois de divulgar dados divergentes sobre o número de vítimas fatais da doença na noite desse domingo (7), o governo conseguiu novamente inflamar os ânimos de políticos e parlamentares, que apontaram mais um crime de responsabilidade do mandatário.
“Ocultar e manipular dados é estratégia de regimes autoritários. É a resposta da Organização Transparência Internacional para declaração do presidente da República, que disse não precisar informar o total de mortes pela covid-19”, comentou o presidente do PSB, Carlos Siqueira, sobre a nova polêmica da gestão Bolsonaro.
O dirigente socialista ainda usou as redes sociais para informar que o PSB entrará na Justiça para garantir que as informações sobre a doença sejam divulgadas.
“O PSB vai entrar com ação no STF [Supremo Tribunal Federal] para garantir a transparência de dados sobre a Covid-19, e no TCU [Tribunal de Contas da União] para assegurar a divulgação de números verdadeiros da pandemia. O líder da bancada, deputado Alessandro Molon, vai convocar o ministério da Saúde para saber porque o governo omite informações”, disse Siqueira.
A partir do Twitter, Alessandro Molon (PSB-RJ) reforçou a informação. “Bolsonaro está desesperado para manipular o número de mortos por coronavírus, que sobe aceleradamente por causa da irresponsabilidade dele. Negar a realidade é regra nesse governo. Vamos entrar no STF, representar no TCU e convocar o ministro da Saúde pra prestar esclarecimentos à Câmara!”, comentou.
Falta de transparência
Ontem, por volta 20h30, o Ministério da Saúde divulgou o primeiro balanço, no qual informava que 1.382 mortes haviam sido registradas nas últimas 24 horas. Uma hora e meia depois, o portal do Ministério reduziu o número de óbitos confirmados para 525. A decisão do governo de omitir o balanço geral de óbitos da Covid-19 colocou o país ao lado da Venezuela e da Coreia do Norte, na gestão da transparência das estatísticas da pandemia.
Reações
“Bolsonaro quer omitir dados acumulados de casos e mortes pela Covid-19. Nós, do PSB, sob a liderança de Carlos Siqueira e Alessandro Molon, vamos usar todos os meios legais em busca de transparência e clareza. Não admitiremos sua estratégia autoritária e ilusionista!”, declarou o deputado Denis Bezerra (PSB-CE).
Deputado federal Gervásio Maia (PSB-PB) também pediu respeito com o país. “Ao esconder dados oficiais, Bolsonaro escancara seu projeto autoritário e se assemelha às ditaduras. As vítimas merecem respeito e o Brasil precisa saber da verdade”, declarou.
Camilo Capiberibe (PSB-AP) não disfarçou a perplexidade com mais um desmando do presidente. “Dá para esconder os números assustadores das mortes no site do ministério da saúde mas é impossível esconder as perdas humanas que o Brasil vem enfrentando por uma trágica razão: elas estão por todo lado. São amigos, vizinhos e parentes, vítimas de um governo irresponsável e genocida”, disse o deputado.
Já o deputado João H. Campos (PSB-PE) alertou para o avanço do autoritarismo presidencial. “Essas alterações todas levam o Brasil a um caminho muito preocupante, são passos como esses que conduzem ao abismo ditatorial das informações (ou desinformações, oriundas daqueles que hoje comandam essa gestão)”, comentou.