
“Assim como em 2018, a eleição de 2022 também não será convencional. A ideia é buscar uma pessoa da sociedade e acima dos partidos, mas ainda não aconteceu nenhuma conversa da direção do PSB com o Huck”, afirmou o presidente do PSB, Carlos Siqueira, ao Estadão, em resposta ao rumor de que o apresentador global estaria buscando aproximação com o socialismo.
Muito se fala sobre uma possível candidatura de Luciano Huck à presidência da República. O apresentador, inclusive, já foi sondado por quatro partidos e dizem, procura aliados para seguir com seu projeto presidencial para 2022. A legenda mais provável era o Democratas (DEM), mas com a vitória de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara dos Deputados, uma crise interna levou ACM Neto a repensar as estratégias políticas do partido.
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O Podemos, defensor da Lava Jato, já convidou Huck para conversar. O apresentador se reuniu com o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro no fim de outubro do ano passado, mas o encontro não foi bem recebido por seus apoiadores.
Huck e o meio termo
A ideia do apresentador, segundo aliados, é ser um contraponto entre os ‘extremos’, bolsonarista e petistas. Nessa corrida, a esquerda para além do PT, vem sendo considerada pelo artista.
Na articulação político-partidária, o projeto de Huck concorre com o do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que também tenta formar uma rede de apoios com partidos da centro-direita e passou a fazer acenos à centro-esquerda na busca por uma Frente anti-Bolsonaro.
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Porém, a confirmação de sua candidatura deve demorar pelo menos mais um ano. Conforme a legislação, a data-limite para registrar candidaturas é abril de 2022. Por enquanto, o apresentador é cotado como um possível substituto de Fausto Silva nas tardes de domingo na TV Globo, em 2022.
Conversa com o PSB
Segundo a reportagem, Luciano Huck vem conversando com o PSB por meio do prefeito de Recife (PE), João Campos, e sua namorada, Tabata Amaral (PDT-PE).
A alternativa PSB tem como pano de fundo uma possível fusão com o PCdoB, o que resultaria na criação de uma nova legenda de centro-esquerda. “A fusão do PSB com o PCdoB é uma possibilidade. Há conversas entre os líderes dos dois partidos”, disse o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP).
Amigo de Flávio Dino
Huck tem revelado, em conversas reservadas, ter admiração pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), com quem também tem mantido contato nos últimos dois anos. Entre visitas e reuniões virtuais secretas, Dino enxergaria em Huck um quadro ‘liberal progressista’, abraçando causas como a proteção social e ambiental.
Em uma das conversas o apresentador questionou Dino sobre deixar um “porto seguro” (ele era juiz) para se aventurar na política.
PV, Cidadania e Rede
Imerso em contatos, Huck também conversa com a ex-ministra Marina Silva (Rede). A legenda pensa numa fusão com Cidadania e Partido Verde para lançar candidato à presidência em 2022. Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania já se posicionou sobre o assunto: “Essa conversa já foi feita com eles (Rede) e a decisão que tomaram foi negativa. Não tenho informação de que isso tenha mudado”, afirmou.
No entanto, Freire reconhece que há um alinhamento com o PV que pode caminhar para uma proposta formal. “Mas não é pauta ainda.” O Cidadania era considerado para a candidatura de Huck, mas na avaliação dos aliados do apresentador, o partido precisa de capilaridade e recursos para uma disputa presidencial.
Cláusula de barreira
Legendas médias ou pequenas procuram por fusões partidárias para não esbarrarem na cláusula de desempenho (conhecida também como cláusula de barreira). Criada em 2017, ela funciona como uma espécie de filtro e usa como base de cálculo as eleições gerais – quando são escolhidos o presidente da República, governadores, deputados federais e senadores.
Na disputa de 2018, a exigência foi para que os partidos somassem ao menos 1,5% dos votos válidos em nove Estados, com 1% dos votos em cada um deles. O porcentual aumenta de forma progressiva e no próximo ano será de 2%.