
Foto: Marcos Corrêa/PR
“Sirva a sua pátria e coma bem no Exército”. A frase, dita semanas atrás pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), faz jus às prioridades do governo Bolsonaro. Em 2020, em meio a crise econômica causada pela pandemia de Covid-19, o governo realizou gastos exorbitantes com a compra de itens para churrasco, tais como carne, cerveja e carvão, para as Forças Armadas.
Nesta terça-feira (9), parlamentares do PSB protocolaram uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR), pedindo que o órgão investigue a farra com o dinheiro público.
O documento, direcionado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, aponta também sobrepreço de até 60% do preço de itens adquiridos. Além de Vaz, assinam os deputados Alessandro Molon (PSB-RJ), Denis Bezerra (PSB-CE), Lídice da Mata (PSB-BA), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Bira do Pindaré (PSB-MA) e Vilson da Fetaemg (PSB-MG).
Os parlamentares relatam que em um pregão eletrônico, realizado em 2020 para o 38º Batalhão de Infantaria, foram adquiridos 500 garrafas da cerveja Stella Artois a R$ 9,05 cada; no mesmo certame, o batalhão adquiriu também 3 mil garrafas de Heineken, a R$ 9,80 cada. Já a 23ª Brigada de Infantaria de Selva foi agraciada com 3.050 garrafas de Eisenbahn, a R$5,99.
“Verifica-se que a maioria dos processos de compras desses produtos seguiu o procedimento da licitação. A Administração Pública, portanto, teve a coragem de mover a estrutura federal para conduzir certames com o objetivo de comprar grande quantidade de cerveja”, argumentam os autores da representação.
O documento também inclui fotos de supermercados onde os preços aparecem muito menores que os registrados em leilão. Em uma delas, a foto mostra latas de Bohemia Puro Malte vendidas a R$ 2,59, valor 67% menor que os R$ 4,33 pagos pela 9ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército. Na ocasião, o batalhão adquiriu 1.008 latinhas.

Os parlamentares destacam ainda que dos 80.016 produtos contratados, apenas 7.304 foram por dispensa de licitação. Além disso, todos os pregões foram homologados no ano de 2020, ou seja, concluídos durante a pandemia da Covid-19, que aprofundou a crise econômica no país.
“Enquanto milhões de brasileiros sofrem com os efeitos trágicos da pandemia nos campos sanitário e financeiro, nossos militares consumem cortes nobres como a picanha e tomam cervejas, algumas especiais”, afirmam.
Além dos gastos exorbitantes enquanto o presidente Jair Bolsonaro alega falta de recursos para o auxílio emergencial, há ainda a evidência de que foram realizados eventos com aglomeração, desrespeitando as medidas necessárias para evitar a contaminação por Covid-19.
“A quantidade de itens contratados para o ano de 2020 sugere as Forças Armadas realizaram grande número de festividades mesmo durante a vigência de recomendações sanitárias de distanciamento social”, escrevem os autores.
Caberá ao procurador-geral da República, Augusto Aras, prosseguir com as investigações.
Leia documento na íntegra:
Com informações do Congresso em Foco