
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) decidiu o apoio a Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da disputa da prefeitura de São Paulo (SP). A decisão foi oficializada na sexta (20), no lançamento da “frente democrática” em apoio ao candidato do PSOL.
Participaram do evento representantes do PT, PDT, PCdoB, Rede e PSB – além de PCB e UP, que já integravam a coligação.
A reunião para debater o apoio a Boulos, que adentrou a madrugada de sexta (20), contou com a presença do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o candidato derrotado do partido à prefeitura, Márcio França. Segundo reportagem da BBC News Brasil, o apoio ao candidato do PSOL foi decidido contra a vontade de França, que preferiu manter neutralidade.
Além disso, durante a reunião, a cúpula socialista confirmou o apoio a outros candidatos de esquerda no segundo turno: João Coser (PT) em Vitória (ES), e Edmilson Rodrigues (PSOL) em Belém (PA).
Assim como no caso de Boulos, a decisão de apoiar Manuela D’Ávila (PCdoB) em Porto Alegre enfrenta resistências — dirigentes locais do PSB preferem o apoio a Sebastião Melo (MDB).
“Sim (houve conflito, sobre Porto Alegre)”. “(Decisões sobre alianças) Têm que levar em conta também a história do partido, que tem o seu campo bem delimitado (à esquerda)”, disse Carlos Siqueira à BBC News Brasil, antes da reunião com França.
Neutralidade de França
Márcio França terminou a corrida em terceiro lugar em São Paulo, atrás de Boulos e de Bruno Covas (PSDB). O socialista teve quase 730 mil sufrágios, ou 13,6% dos votos válidos. Após o resultado, ele preferiu manter neutralidade sobre o segundo turno.
“Boa sorte pro Boulos e pro Bruno. Saúde para os dois, discernimento, paciência, e vamos para o segundo turno, que a democracia é assim: acaba uma eleição, começa outra”, disse em rede social.
Segundo Siqueira, não há qualquer desconforto ou conflito do partido sobre essa decisão. “Márcio (França) é um companheiro da Executiva Nacional, a gente resolve tudo no diálogo. Não tem conflito com ele, não”, afirmou.
Veto a bolsonaristas e poder para Executiva Nacional
Para defender o apoio do partido a Boulos e Manuela D’Ávila, Carlos Siqueira menciona uma resolução aprovada pela Executiva Nacional do PSB em março deste ano, e que determina que o partido feche alianças “preferencialmente com os partidos de esquerda e centro esquerda”, e dá à Executiva Nacional o poder de decidir sobre o apoio a candidatos no segundo turno.
“Todas as deliberações (…) do PSB sobre formação de coligações e escolha de candidatos em capitais e cidades com possibilidade de segundo turno terão de ser submetidas à aprovação prévia da direção nacional, que poderá aprovar, alterar ou anulá-las em caso de desacordo com as orientações político-eleitorais do PSB”, diz o artigo 1º da resolução.
O documento também proíbe, de forma explícita, o apoio a “candidaturas e/ou candidatos que defendam o atual governo”, referindo-se ao governo federal de Jair Bolsonaro (sem partido).
Nota oficial do PSB
“Neste difícil momento que o nosso país atravessa, é preciso conseguir enxergar a floresta, e não apenas uma árvore. Na dura luta que travamos em defesa dos direitos de nosso povo e de nossa democracia, no embate diário para evitar os retrocessos que nos ameaçam, precisamos ver todo o cenário, e não apenas uma parte dele. Isso significa compreender o que está em disputa nesse segundo turno das eleições de São Paulo e o que isso representa.
A presença de uma candidatura progressista no 2º turno da maior cidade do país, em torno da qual se formou uma frente democrática, não é de menor importância. Ela representa, nesse momento, a união de nossas forças para fazer o país avançar. Nós, do PSB, cientes de nossa responsabilidade para com os destinos de nossa nação, queremos manifestar nosso apoio a Guilherme Boulos e Luíza Erundina.
Nossos partidos têm diferenças, nossas propostas não são iguais, mas o que nos une, nesse momento, é maior e mais importante do que o que nos separa: o compromisso com nosso povo e com nosso país. Por tudo isso, estamos com Guilherme Boulos e Luíza Erundina, para virar o jogo em São Paulo e conquistar uma decisiva vitória progressista nessa eleição!“
Assinam:
Dep. Fed. Alessandro Molon
Dep. Fed. Aliel Machado
Dep. Fed. Bira do Pindaré
Dep. Fed. Camilo Capiberibe
Dep. Fed. Denis Bezerra
Dep. Fed. Elias Vaz
Dep. Fed. Gervásio Maia
Dep. Fed. Heitor Schuch
Dep. Fed. Júlio Delgado
Dep. Fed. Lídice da Matta
Dep. Fed. Marcelo Nilo
Dep. Fed. Mauro Nazif
Dep. Fed. Vilson da Fetaemg
Com informações da BBC News Brasil e Folha
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