
Estava marcado para segunda-feira (15) uma manifestação contra o governo de Cuba, mas, ninguém compareceu. A única manifestação que teve foi por parte do governo para celebrar a retomada das aulas e do turismo após 20 meses.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, descreveu a convocação como uma “operação fracassada”.
Por meio de suas redes, o ministro Bruno Rodriguez escreveu diretamente para o Secretário de Estado do EUA Antony John Blinken e afirmou que ele e o governo Biden precisam aprender que “o único dever do governo cubano é para com seu povo”.
“Secretário de Estado do EUA Antony John deveria aprender de uma vez por todas que o único dever do governo cubano é para com seu povo e rejeita, em seu nome, a interferência dos Estados Unidos. Defendemos o direito de desfrutar, em paz, do nosso avanço rumo à normalidade e enfrentar, sem interferências, os desafios que temos pela frente”, criticou Rodriguez.
O comentário do ministro de Cuba foi uma resposta ao Secretário de Estado de criticou o regime Cubano e afirmou que os protestos que deveriam ter acontecido nesta segunda “seria uma demonstração de força”.
“O regime cubano tem a oportunidade de ouvir e ouvir o povo cubano durante as manifestações pacíficas no #15N e de demonstrar respeito pelos direitos humanos. Elogiamos o valente povo cubano, que mostrou a força de sua vontade e o poder de sua voz”, disse o secretário do governo Joe Biden.
Protestos em Cuba: o grupo Arquipélago
O grupo responsável pelos “protestos” em Cuba é chamado de Arquipélago e tem como liderança o escrito Yunior García que, um dia antes das manifestações marcadas para esta segunda, concedeu uma longa entrevista à BBC.
O texto que compõe a entrevista cria toda uma atmosfera de personagem perseguidos pelo regime cubano. Entre várias coisas, é dito que foram realizadas 56 chamadas para conversar com García até que a ligação fosse bem-sucedida.
Dessa maneira, “os problemas com seu telefone são uma das muitas medidas que as autoridades cubanas tomaram desde que García criou uma plataforma de oposição chamada Arquipélago e convocou uma ‘Marca cívica pela mudança’”, diz o texto.
O líder do grupo que reúne cerca de 30 pessoas declarou à BBC que eles pediram autorização ao governo para realizar marchas, mas todas foram negadas.
Para o escritor que lidera o grupo de opositores, o fato de o governo cubano não ter autorizado a manifestação “tira as máscaras do governo”.
“Essa iniciativa [tentativa de realizar manifestação] já foi uma vitória retumbante, porque tiveram que mostrar ao mundo o que realmente são”, disse Yunior Garcia.
Contradições
Yunior Garcia é questionado pela publicação porque mudou de postura em relação ao governo de Cuba, visto que trabalhou durante anos para instituições governamentais do país, escreveu para produções televisiva estatais e ainda assinou uma carta ao presidente dos EUA Joe Biden contra o embargo.
As respostas de Garcia são evasivas e ele não consegue explicar por que antes defendia o regime e agora o classifica como “ditadura”.
Questionado sobre como o grupo Arquipélago se financia, Garcia declarou que ele não precisa de dinheiro para atuar.
Cuba em defesa da revolução
O presidente cubano Miguel Díaz-Canel acusa o grupo Arquipélago de buscar desestabilizar o governo e de ter apoio do governo estadunidense.
Para demonstrar que o seu governo conta com o apoio de parcela da juventude cubana, o presidente do país reuniu com o grupo Pañuelos Rojos, coletivo de ativistas que se formou a partir das redes sociais e que defende a revolução cubana.
Curiosamente, tal grupo não ganha destaque na imprensa internacional, muito menos longas entrevistas em grandes canais de comunicação.
Com informações da BBC