
Larissa Mies Bombardi, professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), tem sofrido ameaças por um estudo publicado por ela em 2017 sobre uso de agrotóxicos. Ela denunciou a situação em uma carta em que narra os últimos quatro anos de perseguição e pede afastamento da universidade para sair temporariamente do Brasil.
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A publicação que deu origem à situação foi o atlas “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”. De acordo com informações do jornal O Partisano, após o lançamento da pesquisa a maior rede de produtos orgânicos da Europa deixou de comprar alimentos no Brasil, atingindo os interesses econômicos do “mercado” do agronegócio.
Mudanças na rotina
A pesquisado afirma no texto que foi orientada a modificar sua rotina por diversas vezes, enquanto levantava os dados do documento, para evitar atentados. Ela relata que passou a evitar eventos públicos e, por mais que não visse condições de modificar sua rotina, foi obrigada a tomar precauções para se manter viva.
“Eu me perguntava: como uma mulher, mãe de dois filhos, única responsável pelas crianças e pela rotina das crianças poderia mudar algo na rotina?”, revelou na carta.
Ela relata que passou a ficar alguns períodos em outras residências, evitando a própria casa, quando as ameaças se tornavam mais assertivas.
Perseguição
O caso de Larissa se soma a diversas outras situações em que pesquisadores acadêmicos relatam ataques de pessoas e instituições ligadas ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O professor reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier, acabou se suicidando após ser perseguido pela delegada Érika Marena, ex-coordenadora da Operação Lava-jato, em mais um inquérito encerrado por total falta de provas.
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Em outro caso bizarro, o professor Pedro Halal foi processado pela Controladoria-Geral da União (CGU) por ter feitos críticas ao presidente Bolsonaro em uma transmissão ao vivo da Universidade Federal de Pelotas (UFF), na qual ele é docente.
Censura
Em fevereiro, o Ministério da Educação (MEC) tentou oficializar a censura e a repressão dentro do ambiente acadêmico. Em um ofício enviado para a reitoria de todas as universidades públicas do país, o governo solicitou que seus administradores impedissem a realização de atividades, principalmente políticas, dentro das instituições.
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Porém, a ampla divulgação do teor do ofício somada à reação de diversos setores da sociedade, fizeram com que o governo recuasse e enterasse a determinação, por enquanto.
Com informações do O Partisano