
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, participou da primeira reunião do Conselho Político de Transição, com presidentes de outros 13 partidos aliados do novo governo Lula-Alckmin e o secretário-executivo da transição Floriano Pesaro (PSB).
Leia também: França e João Campos são indicados para equipe de transição
No encontro, que aconteceu na última sexta-feira (11), os dirigentes reafirmaram a urgência da PEC do Bolsa Família de R$ 600, uma prioridade do projeto do governo vencedor nas urnas.
“Há umcaráter de excepcionalidade do Bolsa Família, que não deve sofrer restrições fiscais ou orçamentárias no ano que vem. Trata-se de um compromisso que assumimos com os brasileiros”, disse Siqueira.
De acordo com o socialista, a tarefa do grupo de transição é realizar um diagnóstico da situação atual para subsidiar o novo governo. Na reunião, foram discutidos detalhes do processo de transição, da formação dos grupos de trabalho, da participação dos partidos e do papel do conselho político.
No encontro, Siqueira fez uma análise da conjuntura pós-eleitoral, destacando aspectos econômicos, sociais e políticos, nos planos nacional e internacional.
“Vivemos um momento mais complexo do que quando o presidente Lula assumiu o governo pela primeira vez em 2003, enfrentamos hoje um cenário econômico internacional menos favorável e um contexto político interno desafiador”, avaliou.
No dia 10 de dezembro será concluído o primeiro relatório produzido pela equipe de transição e encaminhado ao presidente Lula, ao vice Alckmin e aos futuros ministros.
Reação exagerada
Pela manhã, Carlos Siqueira classificou como um “exagero” a reação crítica do mercado ao discurso do presidente Lula, na quinta-feira, em encontro com parlamentares. Em entrevista à CNN, o presidente eleito reafirmou as prioridades de seu governo com as políticas sociais voltadas para os “mais necessitados”.
“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país?”, questionou Lula na quinta-feira.
“Por que o povo pobre não está na planilha da discussão da macroeconomia? Por que a gente tem meta de inflação e não tem meta de crescimento?”, prosseguiu.
Ainda sobre a crítica do mercado a Lula, Siqueira defendeu que a “crise social não pode ser ignorada” e lembrou que o presidente eleito “soube fazer equilíbrio entre políticas sociais e responsabilidade fiscal”.
“Todos conhecem o presidente Lula e sabemos muito bem que, em seus oito anos de governo, nunca tratou a economia com irresponsabilidade. Ele nunca afrontou a iniciativa privada e o mercado, soube fazer equilíbrio entre políticas sociais e responsabilidade fiscal”, acrescentou.
Questionado sobre a ansiedade do mercado para o anúncio dos nomes indicados para a área econômica, Siqueira disse que antes disso será preciso concluir um redesenho institucional da Esplanada e só então definir os nomes dos futuros ministros.
“A esplanada dos ministérios certamente será redesenhada. Acho que o presidente não está atrasado. O mercado é ansioso, e entendo, mas não há atraso. Creio que no início de dezembro já estará definida essa questão”, disse o presidente do PSB.