Preocupado, Bolsonaro convoca ministros para que articulem trégua, por meio de interlocução com o futuro ministro do Supremo, Luiz Fux

A ordem agora no Planalto é baixar a temperatura e dar prosseguimento ao esforço de aproximação com o futuro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, impedindo que o embate crie uma crise pessoal entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o magistrado. Após fazer crítica pública a Fux, o presidente decidiu estender a bandeira branca na tentativa de construir um canal de diálogo e evitar uma fissura maior com o Supremo.
Segundo a Folha, deputados bolsonaristas avaliam que o presidente da República não deve começar com o pé esquerdo na relação institucional com Fux, substituto do ministro Dias Toffoli, que deixará a presidência da corte daqui a três meses.
O movimento de aproximação de Bolsonaro com Fux tem como principais interlocutores os ministros da Defesa, Fernando Azevedo, da Justiça, André Mendonça, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O grupo tem o reforço dos ministros palacianos Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Luiz Ramos (Secretaria de Governo) que, eventualmente, também têm entrado em contato com o futuro presidente do Supremo.
“Eu acho que o ministro Fux vai manter com o governo o mesmo tipo de diálogo que o presidente Toffoli tem hoje”, disse à Folha o vice-presidente, Hamilton Mourão. “Eu acho que Fux e Bolsonaro têm uma boa ligação.”
As operações contra apoiadores e de quebra de sigilo de deputados bolsonaristas e a prisão de Fabrício Queiroz na quinta-feira (18), amigo de Jair Bolsonaro e ex-assessor de seu filho Flávio, colocaram o Palácio do Planalto sob alerta.
Aproximação com Moraes
Desgastado, o presidente segue na tentativa de abrir portas no Judiciário e também manda ministros para conversar com o Alexandre Moraes, ministro do STF criticado por ele pela condução do inquérito das fake news e investigação dos atos antidemocráticos.
Nessa sexta-feira (19), Bolsonaro enviou Mendonça, Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência da República e o advogado-geral da União, José Levi Mello do Amaral, a São Paulo para se reunirem com Moraes. Entre os assuntos oficiais da reunião estavam os processos referentes à terra indígena Raposa Serra do Sol, mas , como conta a Folha, o principal objetivo do encontro foi buscar uma aproximação com Moraes.
Fux vem auxiliando Toffoli em diálogos institucionais com o Palácio do Planalto, mas tem evitado fazer movimentos isolados que possam passar a impressão de que está antecipando a sua ascensão ao cargo. Na sexta-feira (12), ele saiu em defesa da corte, marcando posição em relação à interpretação correta da Constituição sobre intervenção militar no Legislativo, Judiciário ou Executivo.
“A chefia das Forças Armadas é poder limitado, excluindo-se qualquer interpretação que permita sua utilização para indevidas intromissões no independente funcionamento dos outros Poderes”, ressaltou Fux, no contexto de uma declaração de Bolsonaro sobre tomar medidas legais para proteger a Constituição e a liberdade dos brasileiros.
Com informações da Folha.