
Estou realmente preocupado com a campanha de Lula e Alckmin. Tem muita gente já disputando, ou se preparando para disputar os cargos no futuro governo. Isso é natural da politica. Ocupação de espaços, disputas de ideias e disputas fisiológicas numa candidatura vitoriosa.
O diabo é que ainda não ganhamos a eleição.
E, ao contrário, estamos assistindo Bolsonaro diminuir um pouco a sua rejeição e aumentar o nível de aprovação do seu miserável governo. E tanto Bolsonaro quanto Lula estacionados nos seus aparentes tetos eleitorais.
A situação de São Paulo com vantagem para o Bozo é, também, muito preocupante. Haddad e Lula são duas campanhas e não apenas uma. Estão por obvio associadas mas insisto, são duas campanhas.
Insisto também na questão programática. E falo claro: o legado de Lula é importantíssimo mas não é suficiente. E já acumulou tudo o que podia no primeiro turno e nos primeiros dias de campanha do segundo. O fato de Lula não ter apresentado um programa de governo por “razões estratégicas” segundo os coordenadores dessa área em que procurei ajudar por determinação do meu partido, o PSB, deixou de fora algumas ideias fortes . Uma delas, por exemplo, foi um programa de apoio a uma Rede de Restaurantes Populares com refeições a 1 real, baseado na experiência de Flavio Dino, que implantou mais de cem desses restaurantes no Maranhão. Era uma ideia forte no combate à fome.
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Por outro lado, acho que não é necessário fazer grandes concessões programáticas ao Centro, mas é preciso usar com mais força o apoio de figuras como Simone Tebet, FHC, dos economistas tucanos, de artistas e influencers, prefeitos, governadores e ex-governadores, principalmente no Sul e em São Paulo especificamente. Marcio França, por exemplo, com mais de 7 milhões de votos no estado de São Paulo poderia ser melhor aproveitado.
Enfim é preciso maximizar o apoio do Centro e acenar mais para o futuro.
Espero que me entendam que não estou questionando nem julgando a propaganda eleitoral em si. Deve estar sendo tocada por gente competente e moderna. Devem estar se baseando em boas pesquisas, trabalhando bem as redes sociais e valorizando o incrível talento de comunicação do próprio Lula. Minhas preocupações são com a POLÍTICA.
A política comanda o marketing.
A tática do bateu-levou é necessária e justa. Mas não pode nos levar para a lama em que habita o bolsonarismo. É tática e não estratégia. e o que define a estratégia é politica.
Não sei se dá tempo, mas Lula e Alckmin precisariam demonstrar que tem mais consciência de que estamos na terceira década do século XXI e que se pode transformar o Brasil numa Potencia Criativa e Sustentável como dizemos no novo Programa do PSB.
Por Domingos Leonelli, ex-deputado federal e coordenador do site Socialismo Criativo