
Investigações da Polícia Federal apontam que um grupo suspeito de explorar garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami movimentou mais de R$ 200 milhões em dois anos.
O empresário Rodrigo Martins de Mello (PL), pré-candidato a deputado federal, integra o grupo que opera na maior terra indígena do Brasil.
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A partir das investigações, a PF iniciou uma nova operação na última quinta-feira (19) que investiga a atividade criminosa. Mello, que pertence ao partido do presidente Jair Bolsonaro (PL), coordena um movimento de garimpeiros de Roraima que tenta legitimar a exploração.
Segundo a PF, o grupo utiliza aeronaves para transportar pessoas, combustível e equipamentos para a área. O correligionário de Bolsonaro é dono de empreendimentos que receberam recursos do Governo Federal.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, duas empresas de Mello, a Cataratas Poços Artesianos e a Icaraí Turismo Táxi Aéreo, receberam R$ 39,5 milhões da União desde 2014. Sendo que R$ 23,5 milhões foram repassados à Icaraí só no governo Bolsonaro.
Apreensão de helicópteros
A sede da empresa Cataratas, localizada em Boa Vista, já foi alvo de apreensão de helicópteros feitas pela Polícia Federal em conjunto com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
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Mello é apontado como responsável pela logística do garimpo ilegal, principalmente de ouro e cassiterita. Em outubro, ele havia sido alvo da primeira fase da operação Urihi Wapopë.
Nesta nova fase da operação, iniciada na quinta-feira, outros quatro funcionários da Cataratas estão na mira da PF. Além de uma suposta empresa fantasma ligada a Mello, que seria responsável por movimentar o lucro proveniente do garimpo depois que o empresário teve as contas pessoais e empresariais bloqueadas pela própria PF.
Até agora foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, autorizados pela Justiça Federal. Entre as provas coletas estão arquivos nos servidores da Cataratas que registraram as rotas das aeronaves aos garimpos na terra yanomami.
De acordo com a investigação, funcionários da Cataratas também movimentavam contas bancárias em outra empresa, a Tarp Táxi Aéreo. Eles faziam pagamentos de boletos para transferir recursos ao exterior.
A empresa recebeu R$ 29,1 milhões do governo federal entre 2016 e 2018. De acordo com a PF, 12 pilotos de helicópteros e 13 mecânicos de aeronaves estavam envolvidos.
Empresa suspeita tem contrato com a FUNAI
De acordo com a Polícia Federal, uma das empresas envolvidas nas explorações ilegais, a Piquiatuba Táxi Aéreo, tem contratos com o governo federal que, somados chegam a R$ 16,1 milhões.
Um dos contratos foi assinado com a Fundação Nacional do Índio (Funai) para levar agentes do órgão e insumos como medicamentos a indígenas.
De acordo com o Ministério Público Federal, os mesmos aviões serviam para transportar garimpeiros e alimentos para exploração ilegais na floresta amazônica.