
Um levantamento sobre representação feminina na política abriu questão sobre o que move as mulheres eleitas na América Latina nos dias de hoje? A investigação proposta pela pesquisadora Beatriz Pedreira, diretora e cofundadora do Instituto Update, teve o ‘pragmatismo feminino na resolução dos problemas’ como uma das respostas ao questionamento colocado pelo levantamento.
“Descobrimos, entre outras coisas, que há um foco na resolução de problemas, antes mesmo da ideia de autoria de um projeto”, conta Pedreira, que fez viagem a vários países durante a pesquisa.
O resultado do levantamento é o estudo “Eleitas: Mulheres na Política“, debatido em um webinário em parceria com a Folha no dia 21 de julho.
Os dados revelam diversas experiências em que aparecem o pragmatismo das mulheres. A associação é uma das estratégias adotadas como técnica para emplacar pautas junto a opositores ou com outras forças. Desse modo, elas conseguem aprovar políticas que elas, sozinhas, talvez tivessem mais dificuldade de fazê-lo.
Embora o Brasil puxe para baixo a performance latina, quando o assunto é participação da mulher na política, o estudo destaca como inovadora a experiência mineira chamada de “gabinetona”. A proposta criativa reúne deputadas federais, estaduais e vereadoras de Belo Horizonte em um gabinete ampliado que atua junto aos poderes, em parceria com 90 organizações sociais. “O foco delas é ter uma estratégia compartilhada nas diferentes casas de poder”, diz Pedreira.
A experiência brasileira é encampada por Áurea Carolina, Andréia de Jesus, Cida Falabella e Bella Gonçalves. As legisladoras articulam pautas com organizações sociais que ajudam a formular as prioridades sociais.
Mulheres eleitas no Brasil
Exemplo da baixa performance brasileira entre países latinos é número de mulheres eleitas para cargos políticos. Hoje, na Câmara de Deputados há apenas 15% de mulheres.
O estudo aponta que a América Latina está acima da média mundial no índice de representação das mulheres nos legislativos, com elas ocupando 31,6% das vagas nas câmaras de deputados.
“Consideramos os casos do México, da Bolívia e da Argentina como exemplos interessantes, com problemas, obviamente, mas que forneceram ferramentas para que a representação feminina fosse tão alta”, diz Pedreira.
Com informações da Folha