
Pano de fundo dos protestos após a morte na Bahia do soldado Wesley Santos, lideranças policiais alinhadas ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vêm confrontando medidas de combate à Covid-19 determinadas por governadores que fazem oposição ao governo federal. De acordo com o jornal O Globo, os atos ocorrem em estados como Ceará, Paraíba, Pernambuco e Espírito Santo.
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Buscando expandir seu apoio nas corporações, Bolsonaro e seus aliados tentam “politizar” queixas históricas da Polícia Militar, ligadas a questões salariais e estrutura de trabalho. Mesmo com a PEC Emergencial, que prevê congelamento de salários por 15 anos, discurso ainda encontra eco nas patentes mais baixas.
Na Bahia, o deputado estadual Capitão Alden (PSL) liderou uma manifestação de policiais na última quarta-feira (31) que, embora negasse “partidarismo político”, conclamava os agentes a “lutar contra governos que tentam impor medidas inconstitucionais”, se referindo ao lockdown.
No Espírito Santo, o deputado Capitão Assumção (Patriota), que liderou uma paralisação da PM em 2017, alegou que o governador Renato Casagrande (PSB) também tenta “jogar a polícia contra o trabalhador” com medidas restritivas. O deputado paraibano Cabo Gilberto Silva (PSL) acusou governadores de tentarem “rasgar a Constituição”.
Na avaliação de Renato Sérgio Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a narrativa alimentada por Bolsonaro empurra lideranças da polícia a um discurso radicalizado, para que se mantenham em sintonia com as bases.
“Bolsonaro não fez nada para resolver problemas concretos das polícias. Só que ele joga esta insatisfação toda nos governadores, criando uma narrativa que desencoraja líderes de associações de fazerem críticas a ele, sob risco de perderem apoio.”
Renato Sérgio Lima, FBSP
Com informações do jornal O Globo