
Autor do best seller “O Capital no Século XXI”, o economista francês Thomas Piketty lança este mês “Vivement le socialisme!”, título que poderíamos traduzir como “Que venha o socialismo!”. Na apresentação da obra, o autor defende que não podemos nos contentar em sermos apenas “contra” o capitalismo ou o neoliberalismo.
Leia também: O socialismo lidaria melhor com a pandemia, afirma Ben Burgis
Para Piketty, é preciso ser “a favor” de algo e apesar das críticas existentes, o socialismo continua sendo a sua grande defesa. Segundo o economista, o sistema socialista seria o mais adaptado para designar a ideia de um sistema econômico alternativo ao capitalismo.
Em entrevista à revista francesa Le Point, Piketty denuncia novamente o que classifica como uma narrativa da desigualdade, imposta ao mundo desde o início dos anos 1980 pelo que ele chama de “revolução de Ronald Reagan”.
Entre 1930 e 1980, os Estados Unidos aplicou impostos visando os mais ricos, que chegaram a 90%. No entanto, relembra o francês, Reagan foi eleito em 1981 e implementou uma reforma fiscal que reduziu os impostos a uma média de 28%.
A ideia era incentivar o crescimento do país, mesmo que isso representasse um possível aumento das desigualdades. O resultado, porém, não foi como o desejado.
“Trinta anos mais tarde, constatamos que os americanos não alcançaram o aumento de renda esperado e, ao contrário, a taxa de crescimento da renda por habitante caiu pela metade entre 1990 e 2020″, afirma Piketty.
Além disso, segundo o francês, a estagnação do salário dos mais pobres também ajudaria a explicar a instabilidade política atual no país.
“O sistema de desigualdade no qual se construiu a globalização desde os anos 1980 não apenas foi ineficaz para gerar crescimento, como também é cada vez mais insustentável do ponto de vista político.”
A educação e o futuro
Ainda usando o caso norte-americano, Piketty fala da questão da educação como outro parâmetro da desigualdade. Se o crescimento nos Estados Unidos caiu pela metade desde os anos 1980, isso se deve também à estagnação educativa, acusa o economista.
“O país ainda tem grandes universidades, ricas e no topo dos rankings, mas 70% dos americanos mais pobres não têm acesso a uma boa educação. Os Estados Unidos perderam seu avanço histórico nessa área”, aponta Piketty.
Quanto ao futuro da economia, para o francês, o melhor seria se basear no que teria dado certo no mundo durante o século 20.
“A lição que podemos tirar de tudo isso é que correr em busca de cada vez mais desigualdade não é o que gera crescimento econômico”, resume Thomas Piketty nas páginas da revista Le Point.
Com informações do portal Carta Capital