Após deputados bolsonaristas, detentores de foro privilegiado, serem listados como propagadores de campanhas de desinformação contra o Tribunal Superior Eleitora (TSE), a investigação foi transferida para a Procuradoria-Geral da República (PGR). As informações são do jornal Estadão.
O despacho, encaminhado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, na última sexta-feira (20), tem como base documentação apresentada pela Safernet Brasil. A entidade colabora com o Ministério Público Federal (MPF) para monitoramento de desinformação nas eleições.
Segundo os documentos, os ataques à Justiça Eleitoral começaram após o vazamento de dados do setor de Recursos Humanos e invasão hacker que sobrecarregou a consulta a serviços do TSE. Desde então, redes bolsonaristas passaram a propagar a narrativa de que o resultado das urnas seriam duvidosos, sem apresentar quaisquer evidências.
O Estadão apurou que quatro deputados são citados no despacho do vice procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Góes, para justificar a transferência da investigação: Filipe Barros (PSL-PR), Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF). Caso sejam processados, a lei exige que a iniciativa parta da PGR, perante o Supremo Tribunal Federal (STF).
Hacker recebeu ajuda de bolsonaristas
A representação da Safernet para o MPF cita o Cyberteam como o grupo que reivindicou as ações do domingo de votação e menciona um hacker que se identifica como Zambrius. Em entrevista por e-mail, a pessoa que usa o pseudônimo disse ter sido a única responsável pelas ações e negou ter recebido auxílio de hackers brasileiros.
No entanto, a apuração preliminar que tramita no MPF indica outro caminho.
“O aprofundamento das análises tem revelado indícios da existência de um sofisticado núcleo de tecnologia da informação, com hackers a serviço de grupos políticos com interesses em desacreditar a Justiça Eleitoral, o processo de apuração e totalização de votos e, em última instância, o sagrado direito a eleições livres e limpas no Brasil”, afirma a Safernet.
Deputados
Bia Kicis afirmou que os ataques hackers e o atraso na contagem de votos no dia 15 “deixam clara a fragilidade de todo sistema eleitoral sem o voto impresso”. Os demais parlamentares citados continuam disseminando desinformação sobre a urna eletrônica.
Carla Zambelli escreveu: “A quem interessa que a sociedade não tenha o direito de, em caso de dúvida, auditar seus votos?”
Eduardo Bolsonaro disse não ser “obrigado a acreditar em urnas inauditáveis”. “Agora não podemos nem questionar a segurança do sistema eleitoral”, publicou Filipe Barros.
A urna eletrônica, porém, é auditável. Esse processo pode ser feito via recursos do equipamento como registro digital do voto, auditoria dos códigos-fonte, lacração dos sistemas e identificação biométrica do eleitor.
Com informações do Estadão